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A cenário do rock manauara: artistas independentes seguem firmes pela música

Conheça as dificuldades de uma cena que tem amor ao rock
23/11/25 às 16:00h
A cenário do rock manauara: artistas independentes seguem firmes pela música

(Foto: Felipe Bastos/Divulgação)

O cenário musical do Amazonas é diverso e criativo. Embora as toadas do Boi-Bumbá, o forró e o brega de bar dominem a preferência popular, o rock amazonense, ainda visto como “underground”, cresceu muito nos últimos 20 anos.

Com a popularização dos bares de rock entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000, Manaus ganhou várias bandas cover, como Critical Age, Barflys e Official 80. Paralelamente, surgiram grupos que queriam criar músicas próprias, como Glory Opera, Chá de Flores, Espantalho, Escândalo Fônico e Luso Neto, que conquistaram público, profissionalizaram seus trabalhos e até fizeram turnês fora do Estado, alguns com apoio cultural do Governo.

Fazendo rock autoral em Manaus

Hoje, a cena do rock em Manaus é extremamente forte, com bandas de diversos gêneros, do rock pop ao metal extremo. No entanto, pouco se ouve falar sobre esses trabalhos, não por falta de qualidade ou dedicação, mas por fatores externos que fogem à vontade dos artistas e produtores que movimentam a cena.

(Foto: Eduardo Assunção – Guitarrista e um dos fundadores da FrontSide)

Eduardo Assunção, de 33 anos, é guitarrista e está envolvido na cena há mais de 15 anos, já passou por diversos projetos, sejam de cover ou autoral. Um dos mais expressivos para ele foi a FrontSide, fundou junto com seus amigos de escola e esteve em atividade de 2017 a 2020. Embasado com a sua experiência com a FrontSide, Eduardo fala das dificuldades de manter uma banda autoral em Manaus.

“Lançar um trabalho autoral é sempre um desafio, principalmente se estiver fazendo de forma independente, quando se trata de rock autoral então o buraco fica mais embaixo. Infelizmente a dificuldade é ainda maior na região norte, onde grande parte da população consome muita música apenas para fins de entretenimento, e os eventos de música autoral independentes quase não tem expressão, dessa formar fazer rock autoral exige que a pessoa ame muito o que faz e busque sempre um propósito para ir a frente”, explica Eduardo, que lançou dois trabalhos em formato EP (trabalho que engloba entre 3 a 6 músicas, menos que um álbum).

(Foto: o primeiro trabalho da FrontSide foi lançado em 2019, o EP Aqui e Agora)

 

Empreendedores investem na cena de Manaus

Para movimentar a cena autoral, muitas bandas precisam de alguém que gerencie e apresente o trabalho aos contratantes. Esse é o papel do empresário, função desempenhada por Lika, 37 anos, dona do Estúdio Índigo, que cuida da Soviet At. Ela organiza a agenda, divulga a banda e até ajuda na criação de eventos.

(Lika atua como empresária da banda Soviet At)

“Iniciei minha jornada na cena underground como parte do público que vai aos shows e incentiva as bandas regionais. Sou grande fã de música, inclusive já me aventurei como vocal de banda na adolescência. Conheci a banda Soviet At em outubro de 2024, no bar Motorock em um evento realizado por eles, o Vampire Club”.


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Lika relata que a parceria com a Soviet At começou como uma simples permuta de divulgação, mas evoluiu para a articulação de participações em eventos na cidade, o que também ajudou a promover seu estúdio e atrair seguidores para ambos. Mesmo com a conexão natural entre rock e tatuagem, isso não tornou sua atuação à frente da Soviet At mais fácil.

“A primeira dificuldade que enfrentei, foi justamente, ser uma tatuadora, divulgando uma banda, as pessoas não costumam fazer ligação entre os dois ramos, e justamente por ser uma banda autoral de PostPunk, enfrentei a resistência de alguns produtores em levar a banda para o palco”.

(Foto: banda Soviet At)

E não são só os músicos que enfrentam dificuldade em fechar shows e eventos. Mesmo quem gerencia também tem suas barreiras, conforme explicou Lika. “A cena manauara ainda é pequena, existe público para todos os gostos, mas quando se trata de banda autoral, ficamos reféns da visão dos produtores de eventos e casas, principalmente por haver uma grande oferta de bandas cover, e a soviet at, não tem cover em seu setlist, acredito que o que falta é justamente espaço para que essas bandas autorais se apresentem ao vivo”, declarou a empresária.

Poli Rock e a vitrine para bandas autorais

Apesar das dificuldades, ainda há produtores que investem na cena do rock autoral. Um dos principais é o Poli Rock, criado por Erick Moreira, 42, produtor e fundador da banda Hipnose Death, com 19 anos de atuação na música.

Realizado em Manaus desde 2014, o evento hoje é focado em bandas autorais. A edição mais recente ocorreu em 15 de novembro.

Erick começou o festival convidando bandas de amigos, com a primeira edição apoiada pela Associação do Bairro do Japiim, no Ginásio Poliesportivo Polivalente, origem do nome “Poli Rock”.

(Foto: Erick Moreira organiza o Poli Rock desde 2014)

“A gente fez uma reunião dentro da praça, chamamos amigos e conhecidos, com uma bateria e um som pra rolar. Ai esse vizinho viu que a brincadeira era saudável e me convidou pra participar desse festival. Assim começou o Poli Rock”, a edição deste ano foi a oitava.

Com tantos anos a frente do Poli Rock, e tendo a experiência de ser músico, o evento foi se tornando maior com o passar dos anos. Dada a responsabilidade, Erick precisou ser mais criterioso na hora de selecionar as atrações para o evento.

(Poli Rock: Edição de 2025 – Divulgação)

A cena autoral do rock em Manaus vem crescendo e buscando ter cada vez mais espaço Em geral, seja para produtores, músicos e empresários, falta maior incentivo de bares de rock maiores, e para alguns, até mesmo incentivo do Governo para apoiar esses artistas. E mesmo na dificuldade, a cena do rock em Manaus é forte, com centenas de bandas e muito talento para mostrar.