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Amazônia nas telas: saiba sobre produções recentes de cinema e streaming rodadas na região

Amazônia nas telas: saiba sobre produções recentes de cinema e streaming rodadas na região

Produções filmadas na região amazônica, para lançamento nos cinemas ou streamings, têm se tornado mais frequentes.

No passado já meio distante, era sempre algo incrível quando produções cinematográficas vinham ao Amazonas e estados vizinhos que compõem a Amazônia Legal, para filmar. Casos como os do clássico “Fitzcarraldo” (1982) do alemão Werner Herzog, ou do hollywoodiano “Anaconda” (1997), ou mesmo os filmes da indiazinha Tainá, no entanto, representaram iniciativas esporádicas, algo que acontecia uma vez a cada muitos anos.

No entanto, recentemente a vinda de produções de cinema e streaming para filmar na nossa região tem se tornado algo mais comum. O advento dos streamings, claro, também contribuiu para isso: grandes empresas como Netflix e Globoplay têm investido em diversificar suas produções e ampliar seus catálogos, e isso ajudou a tornar a Amazônia um cenário mais presente nas telas do Brasil e do mundo.

Nos últimos anos, merecem destaque os longas-metragens do cineasta amazonense Sérgio Andrade: Títulos como “A Floresta de Jonathas” (2012), “Antes o Tempo Não Acabava” (2016) e “A Terra Negra dos Kawa” (2023) fizeram sucesso nos cinemas e mostraram a capacidade de profissionais locais para encararem o desafio de produzir longas-metragens. Esses títulos depois foram disponibilizados em streamings diversos.

Pelo Globoplay, também foram produzidas atrações marcantes como a minissérie “Dois Irmãos” (2017), baseada no livro de Milton Hatoum, e “Aruanas” (2019), sobre a luta de mulheres para proteger a Amazônia.


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Pela Netflix, podemos destacar os casos “Ricos de Amor 2” (2023), comédia romântica com Giovanna Lancellotti, rodada em Presidente Figueiredo; o documentário “Somos Guardiões” (2023), sobre ativistas que lutam contra o desmatamento, e a minissérie “Pssica”, que foi filmada no Pará.

“Pssica”, co-dirigida por Fernando Meirelles, de Cidade de Deus (2002), estreou há uma semana como primeiro lugar na Netflix brasileira, desbancando produções internacionais como a segunda temporada de Wandinha, e já se configura como um grande sucesso para o maior streaming do mundo. É uma história com suspense e ação e que faz uso das paisagens da região amazônica, mostrando as belezas naturais para o resto do mundo.

Por fim, em 2025 tivemos as estreias de dois filmes marcantes nos cinemas brasileiros, que exploram de modos diversos a realidade e a cultura amazônica: “Manas”, da diretora Mariana Brennand, um drama social poderoso sobre a realidade do abuso infantil que foi rodado na Ilha de Marajó (PA); e “O Último Azul” do diretor pernambucano Gabriel Mascaro, vencedor do grande prêmio do Júri no Festival de Berlim de 2025.

“O Último Azul” é uma distopia sensível que mostra um país onde os idosos são enviados para colônias quando alcançam uma certa idade, e que mostra uma jornada de uma personagem pelos rios amazônicos para escapar do seu triste destino. O filme tem no elenco Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, além de atores amazonenses como Adanilo e Rosa Malagueta, e teve cenas filmadas em Manaus, Manacapuru e Novo Airão.

Caio Pimenta, editor-chefe do portal Cine Set, site amazônico especializado em cinema, comentou sobre essa recente onda de produções filmadas na nossa região. Ele declarou:

“Das equipes europeias e norte-americanas que vinham para fazer as primeiras imagens em movimento da região no começo do século XX passando pelos filmes B que popularizaram o imaginário sobre um local selvagem até chegarmos a Werner Herzog, a Amazônia sempre esteve no radar do cinema. O interesse da produção brasileira também é antigo, dificultado um pouco mais por não possuir os mesmos recursos financeiros que os estrangeiros sempre tiveram.

Atualmente, a discussão principal é sobre as vozes locais terem espaço para colocar seus pontos de vistas e serem centrais na discussão. “Pssica” e “O Último Azul” são obras relevantes, utilizando a Amazônia como cenário, mas, ainda não contam profissionais nortistas em posições centrais, especialmente, nos bastidores. O mesmo irá ocorrer na nova comédia da Ingrid Guimarães ambientada no Amazonas. Em última instância, isso pode reforçar estereótipos – não acontece no longa do Mascaro e em menor escala na minissérie da Netflix.

Isso, entretanto, não significa que não tenhamos grandes profissionais. Basta ver “Boiuna”, ganhador de três Kikitos dirigido pela excelente Adriana de Faria, para provar como há qualidade de sobra na região. Acredito que este seja o próximo passo: que o cinema nortista, amazônico tenha acesso a recursos vultosos como tiveram “O Último Azul” e “Pssica” para produzir obras capazes de circularem o mundo inteiro. Para tanto, é preciso ter uma movimentação tanto da classe como política mesmo de entendimento do potencial do cinema como gerador de empregos e receitas, além de fortalecer a nossa imagem para fora”.

O fascínio pela produção de cinema continua, e agora, pelo visto, ele alimenta o interesse pela região amazônica também. Agora é hora do próximo passo, usar essa nova visibilidade e interesses para fomentar produções aqui, contando com a mão-de-obra local.