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Saída dos EUA da OMS põe em risco capacidade da organização no combate à futuras pandemias; entenda

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Entre os vários decretos assinados pelo presidente americano Donald Trump nas últimas 24 horas, está o que retira o país da Organização Mundial da Saúde (OMS). O presidente justificou a decisão alegando que os Estados Unidos são tratados de forma injusta pela organização, mesmo sendo seu maior financiador. “A Organização Mundial da Saúde nos enganou”, declarou o republicano ao assinar o decreto.

Segundo Trump, em 2023 os Estados Unidos contribuíram com US$ 6,8 bilhões, mas não tiveram os termos de transparência e eficiência atendidos, conforme havia sido acordado com a OMS. O republicano alegou ainda que a carga financeira imposta ao país é desproporcional em comparação a países como a China.

Em 2020, durante seu primeiro mandato, Trump também retirou formalmente os Estados Unidos da organização, congelando repasses. No entanto, o processo foi interrompido devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. Posteriormente, em 2021, Joe Biden cancelou o processo iniciado por seu antecessor. Com a assinatura do decreto, os EUA devem deixar a organização em 12 meses, interrompendo assim as contribuições financeiras por completo.

Como a saída dos EUA pode impactar a OMS?

Segundo dados das Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos são o maior financiador da organização, sendo responsáveis por 18% das contribuições financeiras recebidas pela OMS. Com a perda desse montante, a OMS pode enfrentar dificuldades no combate a doenças e na resposta à futuras pandemias.


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“O mundo ficou mais vulnerável, a ameaça é maior. Essa posição negacionista ameaça a todos. Mas precisamos aguardar para ver como as agências de saúde, os governadores dos EUA e os principais blocos políticos do mundo vão reagir a essa iniciativa”, diz o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rômulo Paes, que também atua como pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Embora seja um posicionamento preocupante, Paes reflete que a decisão de Trump não surpreende, pois está alinhada aos discursos de campanha e à ideologia do novo Secretário da Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., político conhecido por ser contrário às vacinas.

O médico sanitarista e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, acredita que o buraco financeiro deixado pelos EUA pode ser compensado pela China, que vem demonstrando avanços no domínio tecnológico na área da saúde, como observado no desenvolvimento e na produção em massa de vacinas para o combate à covid-19.

“A China é um país que tem uma capacidade técnica e econômica muito grande e, certamente, vai fazer isso valer do ponto de vista político. Não existem lugares vazios. A China deverá, sem dúvida, buscar ocupar esse espaço, junto com outros países”, diz o médico.

Além de retirar o Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde, Donald Traump também assinou um decreto que retira incentivos para vacinação contra a covid-19, o que pode prejudicar pesquisas que aprimorem a eficiência das vacinas frente ao surgimento de novas cepas.

O que diz a OMS sobre a decisão de Donald Trump?

Em nota, a Organização Mundial da Saúde lamentou a decisão do presidente americano, destacando que, com o apoio dos EUA, a OMS avançou no combate a várias doenças. É válido lembrar que os Estados Unidos estão entre os países fundadores da organização.

“Por mais de sete décadas, a OMS e os EUA salvaram inúmeras vidas e protegeram os americanos e todas as pessoas de ameaças à saúde. Juntos, acabamos com a varíola e, juntos, levamos a pólio à beira da erradicação”, escreveu a organização. “Instituições americanas contribuíram e se beneficiaram da filiação à OMS”, completou.

A OMS clama ainda para que os EUA reconsiderem a decisão “em benefício da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas ao redor do mundo.”

*Com informações do Metrópoles e CNN Brasil

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