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Black Friday, Natal e juros: como evitar dívidas nas compras de fim de ano

O economista Inaldo Seixas compartilhou dicas práticas sobre como planejar compras de fim de ano
25/10/25 às 16:00h
Black Friday, Natal e juros: como evitar dívidas nas compras de fim de ano

(Foto: Reprodução)

Outubro caminha para o fim, e com ele se aproxima um dos períodos mais intensos para o comércio e para o bolso dos consumidores brasileiros: a Black Friday e as festas de fim de ano. O período é tradicionalmente marcado por promoções, compras parceladas e gastos extras que, se não forem bem planejados, podem comprometer o orçamento das famílias por meses.

Em 2025, o cenário econômico exige ainda mais atenção. Segundo dados divulgados pela CNN Brasil e pelo Portal do Comércio, cerca de sete em cada dez famílias brasileiras estavam endividadas, e mais de 40% delas (40,17%) inadimplentes — o maior índice já registrado na série histórica.

A combinação de juros altos, inflação persistente e falta de educação financeira tem agravado a capacidade de pagamento dos consumidores, levando muitos a perder o controle sobre o próprio orçamento. Para orientar quem quer passar o fim do ano com mais tranquilidade financeira, a Rede Onda Digital entrevistou o economista Inaldo Seixas, que compartilhou orientações práticas sobre como planejar as compras, usar o 13º salário de forma inteligente e evitar as armadilhas do consumo impulsivo.

Planejamento: o primeiro passo para não se afundar em dívidas

Para Inaldo Seixas, o ponto de partida é simples, mas fundamental: planejar o destino do 13º salário antes que ele chegue. Segundo ele, o dinheiro extra de fim de ano deve ter funções bem definidas — e o ideal é que uma parte seja usada para quitar dívidas antes de pensar em novas compras.

“O primeiro passo é ver qual é a parte, a porcentagem da sua receita extra de Natal, ou seja, do 13º salário, que você vai querer utilizar para abater as dívidas que você tem e que parte você vai dedicar ao consumo ou talvez uma parte inclusive poupar para aqueles pagamentos que normalmente acontecem no início do ano”, explica o economista.

Seixas lembra que o começo do ano costuma trazer novas despesas que muitos esquecem de considerar: matrícula e material escolar, IPTU, IPVA e contas acumuladas das festas. Por isso, ele recomenda reservar uma parte do 13º para esses compromissos.

“A primeira coisa a fazer do meu 13º salário é decidir: eu quero tirar um terço, um quarto ou metade para abater dívidas. E, paralelo a isso, olhar quais são aqueles endividamentos que têm o maior tipo de juros”, orienta.

Segundo o economista, cartões de crédito e créditos ao consumo são as modalidades que mais pesam no bolso, por conta das taxas elevadas. A dica é priorizar o pagamento dessas dívidas, buscar renegociação e, se possível, consolidar os débitos em um único financiamento com juros mais baixos.

“É um bom momento para negociar com os bancos”, reforça Seixas.

Black Friday, Natal e juros: planejamento é essencial para evitar dívidas nas compras de fim de ano, alerta economista
(Foto: Reprodução)

Black Friday e promoções: aproveitar com responsabilidade

A Black Friday se tornou uma das datas mais esperadas pelos consumidores e pelo varejo. No entanto, o entusiasmo pelas promoções pode ser um gatilho para compras por impulso e endividamento. Inaldo Seixas explica que, embora seja uma boa oportunidade de compra, o consumidor precisa monitorar os preços com antecedência e definir um limite de gasto.

“Tem que ter todo o cuidado de, um mês antes, começar a olhar aqueles produtos que quer e anotar os valores para ver realmente se, no momento da Black Friday, aquele preço realmente tem desconto em relação ao início do mês”, aconselha.

O economista lembra que, com o pagamento do 13º dividido em duas parcelas — geralmente em novembro e dezembro —, muitos brasileiros esperam justamente esse período para comprar eletrodomésticos, eletrônicos ou itens de maior valor. Nesses casos, ele recomenda pagar à vista sempre que possível, aproveitando os descontos extras.

“Você pode sim dedicar uma parte da sua renda extra para adquirir alguma coisa que esteja fazendo falta, mas verificar somente aquilo que realmente é necessário”, enfatiza.

A principal recomendação é não usar todo o 13º salário nas promoções, reservando parte dele para os gastos típicos das festas e do início do ano. Assim, o consumidor evita começar janeiro já no vermelho.


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Educação financeira: a diferença entre necessidade e desejo

O comportamento de consumo, segundo Seixas, vai muito além de números — ele é também psicológico e emocional. Muitas pessoas compram movidas pelo desejo ou pela sensação de recompensa, o que pode gerar um ciclo perigoso de endividamento.

“Tem famílias que são mais poupadoras, tem famílias que são mais esbanjadoras, tem famílias que gostam de viver o momento, tem as que poupam para adquirir lá na frente algum bem de maior valor”, observa.

O economista destaca que educação financeira é essencial para o equilíbrio, pois ajuda a identificar o que é realmente necessário e o que é apenas um desejo momentâneo.

“A educação financeira vai no sentido de você ter consciência de que você não pode gastar normalmente mais do que ganha”, ressalta.

Segundo ele, o problema não está apenas em contrair uma dívida, mas em não compreender o custo real dela.

“Eventualmente você pode trazer um consumo futuro para o presente, mas isso tem um custo. Qual é o custo? São os juros que você vai ter que pagar”, explica.

Por isso, Seixas orienta que o consumidor mantenha o controle do orçamento mensal, incluindo todas as despesas fixas — alimentação, transporte, contas básicas e possíveis empréstimos.

“Essa parcela de endividamento que você vai pagar mês a mês tem que caber no seu orçamento total”, reforça.

Crédito ou pagamento à vista? 

Com a inflação controlada e sinais de recuperação econômica, muitos consumidores se sentem mais confiantes para gastar. No entanto, Seixas alerta que é preciso avaliar o contexto e as condições de cada compra antes de decidir entre pagar à vista ou parcelar.

“A economia sempre, cada vez mais, é cheia de incertezas. Muitas vezes, as variáveis não dependem do próprio país, dependem de situações externas que têm impacto aqui dentro”, explica.

Black Friday, Natal e juros: planejamento é essencial para evitar dívidas nas compras de fim de ano, alerta economista
(Foto: Reprodução)

Mesmo com um cenário de crescimento econômico e queda da inflação, o economista lembra que os juros ainda estão altos, o que encarece o crédito. No entanto, ele prevê uma tendência de redução das taxas a partir do próximo ano, o que pode melhorar as condições de financiamento.

“Pode ser uma decisão acertada deixar para adquirir algum produto de maior valor daqui a seis meses ou um ano, porque você vai encontrar uma taxa de juros muito mais favorável”, afirma.

Segundo Seixas, a melhor estratégia é priorizar o pagamento à vista, principalmente em tempos de incerteza. Isso evita juros, aumenta o poder de negociação e garante mais tranquilidade financeira. No entanto, se o crédito for inevitável, ele deve ser planejado com base na renda e nas projeções do orçamento familiar.

A “regra de ouro” antes de qualquer compra

Na opinião de Inaldo Seixas, o erro mais comum dos consumidores é acreditar que parcelas pequenas significam compras baratas. Essa percepção, alimentada por campanhas publicitárias, mascara os custos embutidos nos financiamentos.

“A regra de ouro é ter o cuidado de saber qual é o tipo de juros efetivo. Muitas vezes, quem vai te vender oferece prestações alongadas no tempo, e aparentemente parece que a parcela é barata, mas está embutida uma taxa de juros maior”, alerta.

Black Friday, Natal e juros: planejamento é essencial para evitar dívidas nas compras de fim de ano, alerta economista
(Foto: Reprodução)

Ele recomenda que o consumidor verifique sempre a taxa efetiva total (CET) — que inclui juros, tarifas administrativas, seguros e outros custos.

“A preocupação é saber qual é a taxa de juros, se ela está de acordo com a média do mercado e se não vai sofrer modificações ao longo do tempo”, explica.

Além disso, Seixas reforça que as parcelas mensais devem caber no orçamento, sem comprometer os gastos essenciais da família.

“As tuas prestações, junto com as despesas cotidianas, têm que caber no teu orçamento, ou seja, têm que ser iguais ou inferiores à tua renda”, conclui.