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Economista prevê queda na arrecadação do ICMS e período fraco de crescimento nos próximos meses

Comércio varejista experimenta neste segundo semestre uma retração no volume de vendas enquanto famílias seguem com alto índice de endividamente, reduzindo assim consumo
30/12/25 às 11:54h
Economista prevê queda na arrecadação do ICMS e período fraco de crescimento nos próximos meses

O setor de comércio e serviços respondeu por 52,4% do total arrecadado com ICMS no Estado. (Foto: divulgação/Fecomercio-AM)

O desempenho em baixa do comércio varejista ao longo do ano e o alto endividamento das famílias amazonenses apontam para uma queda de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), o principal imposto do Governo do Estado, de até 4% neste ano.

Conforme os números da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM), de janeiro a novembro de 2025, o ICMS do segmento de comércio e serviços somou R$ 8,28 bilhões, contra R$ 8,65 bilhões no mesmo período de 2024, o que representa uma queda real de -4,2%.

Esse resultado confirma a tendência de retração anotada ao longo do ano e indica que a base tributável do setor está reduzindo em termos reais. Em outubro, por exemplo, o movimento já era negativo: o acumulado até o mês atingiu R$ 7,52 bilhões, frente a R$ 7,78 bilhões em igual período do ano anterior, com retração real de -3,4%. A previsão é que ano feche com uma arrecadação média de R$ 9,09 bilhões, uma queda de até 4%.

“A arrecadação do ICMS no Amazonas tem emitido sinais claros de desaceleração ao longo do segundo semestre de 2025, particularmente no segmento do comércio e serviços, que responde por 53,9% do total arrecadado, enquanto a indústria representa 46,1%”, afirma o economista Max Cohen, da Federação do Comércio do Amazonas (Fecomercio-AM). 


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Volume de vendas em baixa

As pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explicam esse comportamento da arrecadação. O volume de vendas do comércio varejista no Amazonas caiu -1,0% entre setembro e outubro e -1,2% na comparação anual, enquanto o crescimento acumulado em 12 meses desacelerou para 1,6%, número baixo para impulsionar a economia local.

No chamado varejo ampliado, que inclui segmentos mais sensíveis ao crédito, a retração mensal foi de -0,5%, com queda de -1,3% frente a outubro de 2024. E a variação acumulada em 12 meses regrediu para 2,4%. Esse enfraquecimento das vendas impacta diretamente a arrecadação do ICMS, que responde de forma quase imediata ao desempenho do faturamento real.

“Do lado das famílias, o consumo segue sustentado pelo mercado de trabalho (que está em alta no Amazonas), mas encontra limites importantes. A intenção de consumo permanece em patamar favorável, porém,  o consumo atual desacelera e o acesso ao crédito se deteriora, especialmente para compras parceladas, em um contexto de taxa Selic em 15%, patamar historicamente elevado. Juros nesse nível encarecem o crédito, reduzem a aprovação de financiamentos e inibem novas concessões, sobretudo para famílias mais endividadas. Esse ambiente restringe o consumo de maior valor agregado e reduz o volume de operações tributadas, afetando diretamente a arrecadação do ICMS, mesmo com inflação mais comportada”, analisa Max Cohen.

 

O quadro econômico é agravado pelo elevado endividamento das famílias manauaras. Mais de 87% estão endividadas, quase metade possui contas em atraso e 35,1% comprometem mais de 50% da renda com dívidas, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o que limita fortemente o consumo.
Para os empresários, os sinais de alerta do ICMS indicam que o futuro imediato tende a ser de crescimento mais fraco e seletivo, uma economia em desaceleração, exigindo estratégias focadas em eficiência operacional, gestão rigorosa de custos, cuidado com estoques e adaptação a um consumidor financeiramente mais pressionado.