O economista Adriano Pires desistiu, na tarde desta segunda-feira (4), da indicação para presidir a Petrobras no lugar do general Silva e Luna, que entrou em choque com o presidente Jair Bolsonaro (PL) por conta dos seguidos aumentos no preço dos combustíveis.
Um dos motivos da desistência é um relatório feito pelo departamento de governança da estatal que apontou as ligações dele com o empresário baiano Carlos Suarez, que é dono da Companhia de Gás do Amazonas (Cigas).
Adriano Pires prestou consultoria para o grupo do empresário, que ficou conhecido por ser um dos sócios da empreiteira baiana OAS (S é referência a Suarez). Fora da construção civil, Carlos Suarez, que mora na Espanha, passou a investir em empresas de distribuição de gás em vários estados brasileiros, sendo a Cigas a mais lucrativa das empresas dele.
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Outro motivo para a desistência foi um pedido do Ministério Público de Contas no Tribunal de Contas da União pedir que ele fosse impedido de assumir a presidência por suas atividades como consultor de empresas de um setor sensível as decisões da Estatal.
Com a desistência, Adriano Pires segue o exemplo do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que nesta segunda pela manhã anunciou que estava desistindo da indicação de Bolsonaro para ser o presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
A eleição de Landim e Adriano Pires havia sido marcada para o próximo dia 13 de abril, quando encerraria o mandato do general Silva e Luna, que agora seguirá no cargo até no vas indicação do presidente.
No Amazonas, Carlos Suarez conquistou o controle acionário real da Cigas durante o terceiro governo de Amazonino Mendes (1999-2002). No ano passado ele também operou para barrar o fim do cartel de distribuição de gás no Amazonas, que estava ameaçado por uma nova lei que acabou sancionada pelo governador Wilson Lima. A nova lei permitiu que a Eneva, que explora campos de gás natural no município de Silves, na região do baixo Amazonas, vendesse o produto diretamente para operadores de usinas termoelétricas no Estado de Roraima. Antes, deveria vender para a Cigas e esta venderia para os operadores, uma negociação que encarecia o preço e inviabilizava o negócio.