Setembro Amarelo alerta para prevenção do suicídio

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ALERTA GATILHO: Esta matéria possui conteúdo sensível
O dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, uma data fundamental para alertar a sociedade sobre a importância da saúde mental e do cuidado com a vida.
No Brasil, o Setembro Amarelo foi criado em 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Ao longo do mês, monumentos são iluminados de amarelo, campanhas são realizadas e o tema ganha espaço para ser discutido abertamente, combatendo o estigma e incentivando a busca por ajuda.
Números preocupantes
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. O número pode ser ainda maior, considerando casos não notificados. Estima-se que os números ultrapassem 1 milhão de suicídios por ano. No Brasil, a média é de 14 mil suicídios anuais, cerca de 38 mortes por dia.
No Amazonas, os dados também chamam atenção. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), entre 2018 e 2022, o estado registrou 1.367 mortes por suicídio. A maioria das vítimas era homens, entre 20 e 39 anos, e o enforcamento foi o método mais comum.
No mesmo período, foram notificados 2.467 casos de lesões autoprovocadas, com destaque para o aumento entre mulheres, que representaram 58,4% dos casos. Em 2023, o Amazonas registrou 332 óbitos por suicídio, com uma taxa de 7,8 mortes por 100 mil habitantes, um aumento de 12% em relação a 2022.

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A pesquisa também revela dados que servem de alerta para familiares e pessoas próximas. Mais de 73% dos casos de suicídio aconteceram dentro da própria residência, e 90,1% das mortes foram causadas por enforcamento, estrangulamento ou sufocação. Esses números reforçam a importância de estar atento a sinais de sofrimento emocional no ambiente familiar.
Saúde mental de crianças e adolescentes
Segundo os dados do Setembro Amarelo, o suicídio afeta principalmente os jovens de 15 a 29 anos, se tornando a quarta principal causa de morte, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência.
A psicóloga Alcilene Moreira, que atua em Manaus e atende crianças a partir de 7 anos até idoso de 70 anos, existem diversas razões que contribuem para o aumento do número de casos nessa faixa etária.
“Fatores familiares como a falta de comunicação com os pais, violência ou negligência intrafamiliar e abuso de álcool e outras substâncias pelos responsáveis. Além de eventos estressantes como perda de um ente querido, o término de um relacionamento, problemas na escola, bullying (especialmente em grupos minoritários, como a comunidade LGBTQIA+), e humilhação por familiares ou amigos”, destacou ela.
Para a especialista, o cenário social também pode contribuir para esse aumento. “A sociedade atual, com seus vínculos frágeis, relações utilitaristas e a pressão por sucesso acadêmico e profissional, pode gerar um sentimento de desesperança, o uso excessivo das redes sociais também é um fator de risco, pois expõe os jovens a conteúdos de autoagressão e pode aumentar o isolamento”, revelou.
Orientações aos pais
Para a psicóloga, o diálogo dos pais ou responsáveis com as crianças e adolescentes é necessário para prevenir ou ajudar quem está passando por esse momento delicado.
“Ouvir e validar: Apenas ouça a pessoa sem tentar solucionar o problema ou convencer o contrário. Valide a dor dela, mostrando que você compreende o sofrimento. Não julgar: Evite adjetivos depreciativos e preconceitos. Suicídio não é falta de fé ou covardia; a pessoa está em profundo sofrimento. Oferecer ajuda: Esteja ao lado da pessoa, mesmo que ela não queira conversar. Ofereça-se para acompanhá-la a um profissional de saúde, pois sua presença pode ser fundamental. Restringir o acesso a meios letais: se a pessoa vive com você, garanta que ela não tenha acesso a armas de fogo ou medicamentos em casa”, orientou.
Evite
A psicóloga Alcilene Moreira também revelou o que os familiares e amigos não devem fazer ao lidar com uma pessoa que esteja com pensamentos de tirar a própria vida.
“Não faça promessas que não pode cumprir; julgar, minimizar o sofrimento ou dizer que é “besteira” ou “loucura”; tentar usar sua própria experiência para ajudar; dar “injeções de ânimo” como “a vida é bela, pense positivo” e desafiar ou incentivar o suicídio”, finalizou.
Onde buscar ajuda
Quem estiver passando por um momento difícil pode contar com apoio emocional gratuito e sigiloso. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.
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