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Setembro Amarelo alerta para prevenção do suicídio

Em 2023, o Amazonas registrou 332 mortes, correspondendo a uma taxa de mortalidade de 7,8 óbitos por 100 mil habitantes
Setembro Amarelo alerta para prevenção do suicídio

Foto: Pixabay

ALERTA GATILHO: Esta matéria possui conteúdo sensível

O dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, uma data fundamental para alertar a sociedade sobre a importância da saúde mental e do cuidado com a vida.

No Brasil, o Setembro Amarelo foi criado em 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Ao longo do mês, monumentos são iluminados de amarelo, campanhas são realizadas e o tema ganha espaço para ser discutido abertamente, combatendo o estigma e incentivando a busca por ajuda.

Números preocupantes

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. O número pode ser ainda maior, considerando casos não notificados. Estima-se que os números ultrapassem 1 milhão de suicídios por ano. No Brasil, a média é de 14 mil suicídios anuais, cerca de 38 mortes por dia.

No Amazonas, os dados também chamam atenção. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), entre 2018 e 2022, o estado registrou 1.367 mortes por suicídio. A maioria das vítimas era homens, entre 20 e 39 anos, e o enforcamento foi o método mais comum.

No mesmo período, foram notificados 2.467 casos de lesões autoprovocadas, com destaque para o aumento entre mulheres, que representaram 58,4% dos casos. Em 2023, o Amazonas registrou 332 óbitos por suicídio, com uma taxa de 7,8 mortes por 100 mil habitantes, um aumento de 12% em relação a 2022.

Foto: FVS/AM

 

 

 

 


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A pesquisa também revela dados que servem de alerta para familiares e pessoas próximas. Mais de 73% dos casos de suicídio aconteceram dentro da própria residência, e 90,1% das mortes foram causadas por enforcamento, estrangulamento ou sufocação. Esses números reforçam a importância de estar atento a sinais de sofrimento emocional no ambiente familiar.

Saúde mental de crianças e adolescentes

Segundo os dados do Setembro Amarelo, o suicídio afeta principalmente os jovens de 15 a 29 anos, se tornando a quarta principal causa de morte, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência.

A psicóloga Alcilene Moreira, que atua em Manaus e atende crianças a partir de 7 anos até idoso de 70 anos, existem diversas razões que contribuem para o aumento do número de casos nessa faixa etária.

“Fatores familiares como a falta de comunicação com os pais, violência ou negligência intrafamiliar e abuso de álcool e outras substâncias pelos responsáveis. Além de eventos estressantes como perda de um ente querido, o término de um relacionamento, problemas na escola, bullying (especialmente em grupos minoritários, como a comunidade LGBTQIA+), e humilhação por familiares ou amigos”, destacou ela.

Para a especialista, o cenário social também pode contribuir para esse aumento. “A sociedade atual, com seus vínculos frágeis, relações utilitaristas e a pressão por sucesso acadêmico e profissional, pode gerar um sentimento de desesperança, o uso excessivo das redes sociais também é um fator de risco, pois expõe os jovens a conteúdos de autoagressão e pode aumentar o isolamento”, revelou.

Orientações aos pais

Para a psicóloga, o diálogo dos pais ou responsáveis com as crianças e adolescentes é necessário para prevenir ou ajudar quem está passando por esse momento delicado.

Ouvir e validar: Apenas ouça a pessoa sem tentar solucionar o problema ou convencer o contrário. Valide a dor dela, mostrando que você compreende o sofrimento. Não julgar: Evite adjetivos depreciativos e preconceitos. Suicídio não é falta de fé ou covardia; a pessoa está em profundo sofrimento. Oferecer ajuda: Esteja ao lado da pessoa, mesmo que ela não queira conversar. Ofereça-se para acompanhá-la a um profissional de saúde, pois sua presença pode ser fundamental. Restringir o acesso a meios letais: se a pessoa vive com você, garanta que ela não tenha acesso a armas de fogo ou medicamentos em casa”, orientou.

Evite

A psicóloga Alcilene Moreira também revelou o que os familiares e amigos não devem fazer ao lidar com uma pessoa que esteja com pensamentos de tirar a própria vida.

“Não faça promessas que não pode cumprir; julgar, minimizar o sofrimento ou dizer que é “besteira” ou “loucura”; tentar usar sua própria experiência para ajudar; dar “injeções de ânimo” como “a vida é bela, pense positivo” e desafiar ou incentivar o suicídio”, finalizou.

Onde buscar ajuda

Quem estiver passando por um momento difícil pode contar com apoio emocional gratuito e sigiloso. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.

Locais no Amazonas;

No Amazonas, diferentes pontos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) podem acolher pessoas em sofrimento psíquico. As Unidades de Saúde da Família (USFs), equipamento gerenciado pelo Município, funcionam como porta de entrada prioritária, garantindo o primeiro acolhimento e o cuidado longitudinal.
Em situações graves ou persistentes, o atendimento ambulatorial especializado deve ser realizado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que oferecem acompanhamento intensivo, articulado ao território e em integração com outras políticas públicas.
Para os pacientes que foram encaminhados pela Central de Regulação, é realizado o acompanhamento nos serviços ambulatoriais da rede estadual de saúde que possuem serviço de psicologia individual e de psiquiatria médica. Além disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) permanece disponível gratuitamente pelo telefone 188, todos os dias, 24 horas, em todo o país.
Nos casos de urgência e emergência, o atendimento deve ser buscado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Serviços de Pronto Atendimento (SPAs).

Campanhas nas escolas

No campo da prevenção, onde quem atua é o Município, o Programa Saúde na Escola (PSE), coordenado pelas equipes de Atenção Primária, realiza atividades de promoção da saúde mental e prevenção do suicídio diretamente no ambiente escolar. Essa estratégia busca envolver educadores, estudantes e famílias na construção de uma cultura de cuidado, fortalecendo a rede de proteção à vida desde a infância e adolescência.