Análise: Segundo voto traz o ‘imponderável’ para a eleição ao Senado Federal no Amazonas

(Foto:Carlos Moura/Agência Senado)
A eleição para o Senado Federal em 2026, quando dois terços das vagas serão renovadas, traz um bom percentual de imponderável (imprevisibilidade) devido ao chamado “segundo voto”. O termo, utilizado por especialistas em eleições e marketing político, refere-se à escolha do eleitor por um candidato que não é sua primeira opção.
O “segundo voto” pode, por exemplo, eleger um candidato que não aparece entre os favoritos nas pesquisas. Afrânio Soares, diretor do Instituto Action, recorda que, em 2002, o senador Jefferson Peres (PDT) foi reeleito graças ao “segundo voto”, apesar de aparecer atrás de Arthur Neto (PSDB) e Bernardo Cabral (PFL) nas pesquisas.
“Naquele caso, Peres foi o segundo voto de quem tinha como primeira opção tanto Arthur quanto Cabral”, explica Afrânio Soares.
Em 2018, Luiz Castro (Rede) quase se elegeu senador devido ao “segundo voto” de eleitores que preferiam Eduardo Braga, além de ter sido a escolha de quem optou por Plínio Valério.
Durango Duarte, diretor do Instituto Perspectiva, destaca a importância da estratégia para conquistar o “segundo voto” nas eleições para o Senado. Segundo ele, cada candidato precisa atingir, pelo menos, 40% dos votos para garantir a eleição.
“Se tivermos 2 milhões de votos válidos, a conta certa é 4 milhões, pois cada eleitor vota duas vezes”, explica Durango Duarte.
Já houve eleições no Amazonas que o candidato trabalhou especialmente para ser o segundo voto dos eleitores e com essa estratégia quase foi eleito senador. Isso ocorreu em 1986, quando o então deputado federal Mário Frota (MDB) pedia o segundo votos dos eleitores e quase derrotou a dupla Fábio Lucena e Carlos Alberto de Carli.
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Inversão do favoritismo
É possível o líder nas pesquisas, o deputado federal Alberto Neto (PL), não se eleger e o quinto colocado, hoje o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT), ganhar a vaga? A pergunta é difícil, mas os especialistas em pesquisas ouvidos pela Rede Onda Digital indicam que a possibilidade existe, desde que Marcelo consolide-se como a segunda opção para todos os outros candidatos.
Esse quadro fica ainda mais improvável se o governador Wilson Lima (UB), hoje oscilando entre o terceiro e o segundo lugar nas pesquisas, optar por manter-se no cargo e reduzir o universo de candidatos ao senado para cinco. Na última pesquisa Ipen, por exemplo, sem Wilson no páreo, Marcelo pula do quinto para o terceiro lugar na primeira opção dos ouvidos pela pesquisa.
Outro alerta que pesquisadores fazem é que, quando se pergunta qual a segunda opção de voto para o Senado, quase sempre o eleitor tem dificuldades para dizer, o que significa que este voto não é consolidado e por mudar a qualquer momento.






