Justiça determina afastamento de Rosinaldo Bual do mandato de vereador por 120 dias, diz MPAM

(Foto: Reprodução)
A Justiça decidiu pelo afastamento do vereador Rosinaldo Bual (Agir) do mandato na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta sexta-feira (3/10), afirmou o Ministério Público do Amazonas (MPAM). Segundo o órgão, o afastamento ocorre após o parlamentar ser preso durante a Operação Face Oculta, deflagrada na manhã de hoje. O parlamentar está no centro de uma investigação que apura um esquema de rachadinha, prática em que servidores são coagidos a devolver parte dos salários ao político que os nomeou.
A medida cautelar suspende as funções parlamentares de Bual por 120 dias e também inclui o bloqueio de R$ 2,5 milhões de suas contas, além da quebra de sigilos bancário e telemático.
Esquema de rachadinha
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o vereador mantinha entre 40 e 50 servidores comissionados, número acima da real demanda do gabinete. Muitos sequer exerciam atividades compatíveis com os cargos, mas eram usados para inflar a folha de pagamento.
De acordo com a investigação, até metade dos salários era devolvida mensalmente. Os valores passavam por um núcleo de confiança do parlamentar antes de serem revertidos em benefício pessoal.
“O vereador tinha uma alta rotatividade entre os funcionários que eram contratados pelo gabinete. O dinheiro ia, primeiramente, para quatro a cinco pessoas da equipe dele e depois era revertido em benefício do parlamentar”, afirmou o coordenador do Gaeco, promotor Leonardo Tupinambá do Valle, em coletiva de imprensa.
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Operação apreende cofres e dinheiro vivo
Durante a operação, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, incluindo a de Bual e de sua chefe de gabinete, apontada como operadora principal do esquema.
Entre os materiais apreendidos estão três cofres, computadores, celulares e documentos. Um dos cofres, aberto com apoio do Corpo de Bombeiros, guardava R$ 390 mil em espécie, dois cheques que superam R$ 500 mil e passaportes.
Braço direito preso
A chefe de gabinete do vereador também foi presa preventivamente. Segundo o MP-AM, ela era responsável por cobrar a devolução dos salários dos assessores, atuando como “braço direito” do esquema.
Impacto político
O afastamento do vereador ocorre em um momento de forte pressão sobre a Câmara Municipal de Manaus. Com a decisão judicial, Bual fica impedido de exercer suas funções parlamentares até a conclusão das investigações.
O caso reacende o debate sobre transparência no uso de cargos comissionados e coloca a CMM sob os holofotes de mais uma crise política.
