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Eleitor do interior recebe mais atenção que o da capital ao longo do recesso parlamentar

Eleitor do interior recebe mais atenção que o da capital ao longo do recesso parlamentar

Políticos que serão candidatos nas eleições do próximo ano aproveiitaram o recesso parlamentar para fidelizar o eleitor do interior do Estado

Os eleitores do Amazonas que vivem em municípios do interior representam 47,41% do eleitorado total do Estado, mas recebem mais atenção dos políticos/candidatos por conta de características próprias relacionadas a força dos prefeitos e vereadores e dos tradicionais currais eleitorais montados há décadas por famílias ou grupos políticos.

Conforme o mapa de eleitores elaborado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), nas eleições do no passado, Manaus concentra 52,59% do eleitorado, o que em números absolutos signifiica 1.446,315 eleitores. Nos demais 61 municípios estão 1.304,025 eleitores.

“O eleitorado de Manaus é mais difícil de conquistar, é mais escolarizado, independente. As discussões e o debate público repercutem mais rapidamente, as pessoas se informam melhor, além de aqui estarem todos os principais atores políticos, todos dividindo os holofotes e a atenção dos eleitores”, afirma o cientista político Odeney Olieira.

Já no interior o que vale é a capacidade do candidato, no exercício de algum cargo público, levar recursos, obras e programas que beneficiem a população e garantam o sucesso de alianças com os políticos e lideranças locais.


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Alianças e emendas tornam eleitor do interior o mais fiel

O exemplo dessa forma de fazer política longe da capital foi visto nessa semana na Assembleia Legislativa (Aleam) quando a deputada Alessandra Campelo (Podemos) disse, em tom de brincadeira, que só pode fazer ações na calha do rio Madeira, pois está “proibida” de entrar no rio Purus, cujos municípios são considerados redutos eleitorais do colega Adjuto Afonso (União Brasil).

Nascido em Pauini, na calha do Purus, a família Afonso exerce grande influência política na região, onde já elegeu prefeitos, vereadores e garantiu seis mandatos seguidos para Adjuto, sempre com votações expressivas nos municípis de Boca do Acre, Canutama, Tapauá, Pauini, Lábrea, além de Beruri.

“No Purus só posso ir até Beruri”, brincou Alessandra, sobre o município que fica localizado na foz do Purus, quase no rio Solimões. “Pois volte de Beruri!”, devolveu, também brincando, Adjuto.

Trabalhando para garantir a reeleição, o senador Eduardo Braga (MDB) aproveitou o recesso para visitar municípios do interior e entregar obras que foram viabilizadas por emendas dele ao Orçamento Geral da União. Nas redes sociais ele mostrou nos últimos dias uma estrada aberta em Tefé e uma obra de contenção na orla de Boa Vista do Ramos, um dos menores municípios do Estado.

O deputado Sinésio Campos, que é de um partido de esquerda, o PT, adota a mesma estratégia de valorizar as bases eleitorais e os aliados do interior. Ele visitou nos últimos dias do recesso São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, onde o prefeito Egmar Curubinha é também do  PT e o  levou para encontros com lideranças indígenas.

Na recente eleição para o diretório estadual do PT, Sinésio ganhou em São Gabriel da Cachoeira com quase 100% dos votos,  o que levou o adversário dele naquela eleição, o vereador José Ricrdo Wendling, a denúnciar fraude na eleição.

Agora ninguém bateu o deputado Dan Câmara (Podemos), que de  12 de julho a 2 de agosto, participou de uma verdadeira maratona fluvial que percorreu 21 cidades  às margens do rio Solimões, além de ir pessoalmente em agendas  em 42 comunidades rurais.

Além dessa maratona fluvial, Dan Câmara, ao lado do irmão, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos), visitou outras 13 cidades do interior, totalizando 34 ao longo do recesso parlamentar de meio de ano.

Para Odeney, como os moradores do interior têm mais dependência do poder público local, quando veste a capa de eleitor ele fica mais suscetível a seguir a orientação dessas forças políticas.

“O cara não depende da Prefeitura, mas tem um parente, um tio, uma filha, uma irmã, que tá empregado na Prefeitura. Quando chega a eleição essas relações familiares vão pesar na decisão de voto dele”, explica.