
Conversas, bastidores, articulações, o que cada politico do Amazonas quer para 2026
Principal movimento está com o governador Wilson Lima, que costura a saída do cargo em abril para se candidatar ao Senado Federal

A praticamente um ano da eleição de 2026, os bastidores da política amazonense fervem com a movimentação, conversas e articulações dos principais atores que estarão no palco da urna eletrônica em busca de alianças ou pactos de não agressão.
Neste cenário, o principal movimento está com o governador Wilson Lima (União Brasil), que costura a saída do cargo em abril para se candidatar ao Senado Federal. Essa saída depende de muitas conversas políticas e a formação de uma chapa segura que lhe garanta autonomia de voo, sem ter que enfrentar uma revanche do vice Tadeu de Souza (Avante).
Principal beneficiado desta saída, Tadeu de Souza revelou, durante programa Meio Dia com Jefferson Coronel, que sugestões dele para a criação de programas e ações, bem como indicações de nomes para compor a equipe de governo, foram ignoradas por Wilson Lima. Isso acendeu um sinal de alerta no time de Wilson.
Tadeu também trata a pré-candidatura ao governo do senador Omar Aziz (PSD) com distância regulamentar, evitando assim se comprometer com este projeto e deixando em aberto a possibilidade dele próprio encarar a disputa, com ou sem o apoio de Wilson Lima, por exemplo.
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Conversas e articulações difíceis na oposição
Na oposição, o PL tem chapa formada para o governo e senado, mas sofre com divergências internas e a falta de aliados para viabilizar a pré-candidata Maria do Carmo Seffair, uma pessoa regularmente tratada como alguém que conversa pouco com outros setores da direita.
Presidente do Diretório Estadual do PL, o ex-ministro Alfredo Nascimento é simpático à ideia de apoiar a candidatura senatorial do governador Wilson Lima, que mantém aliados dele em postos da administração estadual.
Alfredo, no entanto, sofre internamente com a chamada ala militar do PL, cuja estrela atual é o vereador Sargento Salazar.
Pela vontade de Alfredo, Salazar lideraria uma nominata para a disputa de deputado federal, posto estratégico para o PL, um partido que mira na formação de uma grande bancada na Câmara Federal.
Bancada grande garante o acesso do PL as maiores fatias dos fundos Eleitoral e Partidário, bem como tempo na propaganda de rádio e tv.
Salazar é um crítico de Wilson Lima e prefere ser candidato a deputado estadual. Sem ele será praticamente impossível o PL fazer um deputado, já que Alberto Neto será candidato ao Senado Federal. Com Salazar na nominata, Alfredo estima que até ele próprio consiga voltar a Brasília.
Alberto Neto não é distante de Wilson Lima e, pelo que rola nos bastidores, toparia formar uma dupla para minar os votos que o senador Eduardo Braga (MDB) tem no interior do Estado. Wilson, contudo, é considerado pela ala militar do PL um neobolsonarista, com pouco engajamento nas causas do ex-presidente.
Senadores conversam e articulam
O senador Omar Aziz (PSD) é quem mais tem conversado nos bastidores e não apenas com políticos. Ele tem mantido encontros com jornalistas, professores e principalmente empresários com vistas a fortalecer o nome dele, hoje um favorito declarado a vencer a corrida pelo Palácio da Compensa.
O único cenário que Omar não gostaria de enfrentar é o de ter alguém no Governo do Estado que lhe faça oposição durante a eleição, pois assim perderia o poder de fogo que amealhou com os prefeitos do interior.
Para Omar Aziz o melhor cenário prevê um acordo com Wilson Lima, que seguiria no cargo e apoiaria a candidatura dele. Com essa tacada, Omar isola qualquer pretensão do grupo do prefeito David Almeida e de Tadeu de Souza, os únicos que, atualmente, na visão do senador, poderia lhe impedir de ganhar a eleição de 2026.
Nesse arranjo, Wilson Lima poderia indicar o vice na chapa de Omar, indicar secretários na eventual gestão e cobrar “reciprocidade” dois anos depois quando David Almeida não poderá disputar a reeleição para a prefeitura de Manaus.
David está como a esfinge, “decifra-me ou te devoro”
David Almeida é uma “noiva cobiçada” por qualquer candidato ao Governo do Estado, seja Omar, Maria do Carmo e eventualmente Tadeu de Souza. Em públiico, ele faz “juras de amor” a pré-candidatura de Omar, com quem sempre conversa para destravar, no Senado e no Governo Federal, pautas de interesse da Prefeitura de Manus.
O preço deste apoio, contudo, tem nome e sobrenome: Aryel Almeida, a médica filha do prefeito. Se topar essa conversa, Omar fica mais próximo de receber este apoio. Caso contrário, os cenários ficam abertos para o próprio David ou para seu aliado, Tadeu de Souza.
O melhor cenário para David é ter Tadeu no lugar de Wilson Lima e eventualmente deixar Renato Júnior na prefeitura. Com isso, ele próprio seria o candidato ao governo mandando em duas máquinas poderosas, o Governo do Estado e a Prefeitura de Manaus. O que ele está disposto a fazer para conseguir este arranjo, só ele sabe neste momento.
Olhando de longe essa confusão, o senador Eduardo Braga segue fechado com a candidatura de Omar, mas observa a movimentação de David, que lançou o nome de Marcos Rotta para a disputa pelo Senado.
Rotta, assim como o petista Marcelo Ramos, é um nome que tira votos de Braga e facilita a corrida de Alberto Neto.