A aliança entre Alfredo Nascimento e Maria do Carmo está longe de ser motivada por afinidade política ou entusiasmo. Nos bastidores, a leitura é outra — e muito mais pragmática: Maria precisa de base política, e Alfredo precisa de palco.
Derrotado na eleição de 2022, quando tentou retornar à Câmara Federal, Alfredo viu sua influência derreter. Não conseguiu se eleger, perdeu tração e, para muitos, estava prestes a virar carta fora do baralho. Agora, enxergou na candidatura de Maria do Carmo uma oportunidade de retomar visibilidade — e costurar sua volta ao Congresso.
O grande desafio de Alfredo hoje é reconstruir sua posição política e para isso, ele aposta todas as fichas em um movimento estratégico: “colar” em Maria do Carmo, percorrer o interior ao lado dela e usar essa exposição como vitrine para captar votos para si.
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Segundo fontes do PL, foi o próprio Alfredo quem pediu para capitanear a campanha de Maria no interior do Amazonas — região onde a base eleitoral é mais pulverizada e numerosa. Um acordo informal, mas muito claro: ela ganha um político experiente, ele ganha a chance de circular, falar com as bases e se reposicionar como candidato viável a deputado federal.
A ironia é que Alfredo Nascimento hoje tenta se firmar como liderança da direita bolsonarista no Amazonas, mesmo tendo sido ministro de Lula por quase oito anos, comandando os Transportes em um dos períodos mais simbólicos da era petista — que, pela boca de muitos, foi irrelevante para o Norte no que diz respeito à BR-319.
Dentro do PL, Alfredo ainda é formalmente uma das principais figuras, mas vive em rota de colisão com nomes mais identificados com o bolsonarismo raiz, como Capitão Alberto Neto e Delegado Péricles. Isso faz com que sua posição de liderança esteja mais simbólica do que efetiva.
A aproximação com Maria do Carmo, portanto, parece não ser aliança — mas sim sobrevivência. Um casamento por conveniência onde os interesses são claros: ela quer a vaga do Estado, ele quer uma das vagas de Brasília.
Se a candidatura de Maria crescer, Alfredo ganha oxigênio. Se não, deve pular fora, afinal, na política, na verdade, é cada um por si.