
Da etnia Kokama, advogada de 5 PMs acusa indígena de mentir sobre estupro em cadeia no Amazonas

A advogada Viviane Batalha Cacau, que também é da etnia Kokama, acusou a indígena de 29 anos de mentir sobre o estupro que teria sido cometido por cinco policiais militares e um guarda municipal dentro de uma delegacia, no município de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas.
A declaração da defesa ocorreu nesta segunda-feira (28/07) em frente à Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), na avenida Mário Ypiranga, Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus.
“As acusações são mentiras da suposta vítima. Ela alega que foi estuprada durante a custódia dela lá em Santo Antônio do Içá. E isso não aconteceu de forma alguma, são muitas inverdades que são contadas, principalmente na petição que requer a indenização de meio milhão de reais”, declarou Viviane Cacau.
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Motivada por vingança
Ainda de acordo com a advogada, a indígena tinha livre acesso às dependências do 53° Distrito Integrado de Polícia (DIP) e que ela recebia visitas íntimas permitidas e não permitidas pela polícia.
Em um dos casos, a mulher foi flagrada pelos policiais mantendo relações sexuais e usando drogas com o próprio marido dentro de uma das celas e que, por vingança, teria motivado a denúncia de estupra contra os militares.
“Eles foram flagrados em uma madrugada mantendo relações sexuais e usando entorpecentes e aí, eles foram flagrados pelos policiais que ela acusa, então essa seria uma forma de vingança contra eles”, afirmou Cacau.
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Inocência
A defesa dos militares reforçou que eles são inocentes e que as provas serão anexadas no processo para comprovar que as acusações contra os agentes da segurança pública são inverídicas.
“Sim, nós temos provas e já está sendo tudo documentado, temos tudo documentado pelo próprio delegado do município (…) vai ser tudo juntado nos autos do processo. E, realmente, eles não cometeram nenhum ato desses e as provas vão comprovar essa situação”, finalizou.
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Ódio pela polícia
A advogada Viviane Batalha também aproveitou o momento para dar uma declaração pessoal sobre a indígena vítima de estupro. Ela relembrou que a mulher foi condenada pelo assassinato de uma adolescente, ocorrido em 2018, em Manaus e que, na época do crime, a indígena teria declarado à polícia que ela comandava uma facção criminosa na capital amazonense.
Além disso, conforme a advogada, a mulher “com certeza tem um ódio acumulado pela polícia”.
MPAM evita comentar sobre declarações
Após as declarações da advogada Viviane Batalha, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) afirmou, em nota oficial, que não comentará as declarações da defesa dos presos suspeitos de estupro em Santo Antônio do Içá, por respeito à legalidade e à ética que regem sua atuação.
“O trabalho do MPAM, neste caso, foi conduzido com total rigor técnico, fundamentado no depoimento da vítima, em laudos periciais — incluindo exames de conjunção carnal e avaliação psiquiátrica — e no Inquérito Policial Militar, que tramita desde 2023 e envolve os suspeitos já identificados. Cabe à defesa apresentar seus argumentos e buscar a comprovação da inocência de seus clientes nos autos do processo, que é o espaço legítimo para o contraditório e a ampla defesa”, finalizou o comunicado.
Sem resposta
A equipe da Rede Onda Digital também pediu informações da Polícia Civil após as declarações da advogada dos policiais sobre o livre acesso dos detentos às dependências da delegacia do município e também sobre as visitas íntimas não permitidas, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta.