“A Assembleia precisa olhar com mais atenção para o interior”, destaca Rozenha

(Foto: Onda Digital)
Em entrevista exclusiva à Rede Onda Digital, o deputado estadual Rozenha (PMB), da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), falou sobre sua atuação parlamentar para enfrentar os impactos da seca, valorizar os municípios do interior e ampliar a conectividade digital na região. Além disso, o parlamentar destacou que a Aleam precisa olhar com mais atenção para o interior do estado, que sofre com as indiferenças sociais em relação à capital.
Rozenha ressaltou que as comunidades mais isoladas do estado precisam de internet de qualidade para garantir melhorias no ensino e preparar as crianças para o futuro profissional. Segundo ele, o povo do sul do Amazonas, que não utiliza de recursos digitais, é o que mais sofre, pois não é assistido como deveria.
“O Amazonas precisa de uma educação digitalizada, com Starlink, com inserção digital, com internet boa, para que os alunos possam abrir a janela do mundo, ver que o mundo é muito maior e aprender com mais qualidade, com seu celular ou computador”, destacou.
Leia a entrevista na íntegra:
Onda Digital: Deputado, vamos falar primeiro do seu mandato. O senhor sempre traz pautas em defesa da Amazônia. Um ponto muito importante que o senhor destaca, inclusive nas redes sociais, é sobre os municípios amazonenses que sofrem tanto no período de seca quanto no de cheia. Como o senhor, como parlamentar, vem contribuindo para que essa população não sofra tanto com esses problemas?
Rozenha: “O Amazonas, infelizmente, é um estado extremamente grande, com um milhão e meio de quilômetros quadrados, que tem seus rios como rodovias. E, por mais que se tenha água, falta água potável. Existem irmãos nossos amazonenses, sobretudo no Alto Solimões, no Médio Purus e no Juruá, que enfrentam problemas básicos, como o acesso à água.
Precisamos de políticas públicas que levem essa água por meio de poços de grande profundidade, que atinjam o aquífero Alter do Chão, a 210 ou 220 metros. São poços que exigem tubos inoxidáveis e investimentos maiores, mas que podem resolver definitivamente o problema da falta de água no interior.
Com as secas cada vez mais intensas e cheias mais fortes, a situação só se agrava. O Amazonas profundo tem muitas comunidades invisíveis, inclusive indígenas, com milhares de moradores que precisam ser atendidos. Manaus concentra metade da população e grande parte da riqueza, mas o interior continua sem apoio. Somos um estado rico, com pessoas pobres. A Assembleia precisa olhar com mais atenção para o interior, especialmente para as mulheres”.
Onda Digital: Como o senhor enxerga a realidade das pessoas ribeirinhas que moram às margens dos rios e o que acredita que precisa melhorar?
Rozenha: “Não é fácil ser amazonense no Juruá, no Médio ou no Alto Solimões, por quê? Porque tudo é mais caro. Um litro de gasolina custa R$ 12, um quilo de açúcar custa R$ 9. Não temos mais avião. Você adoece de forma mais grave, não tem como chegar a Manaus e muitas vezes você morre porque não tem como te trazer. Isso precisa ser resolvido.
Nós temos que arranjar uma maneira de subsidiar aeronaves e eu acredito que nós temos táxis aéreos para isso. Deixarmos de dar esse aporte tributário para a Azul, que enche os seus tanques aqui em Manaus e voa para fora sem fazer a entrega social que o Amazonas precisa, e subsidiar os táxis aéreos para que eles possam fazer linhas regulares para que a gente possa trazer, melhorar, libertar logisticamente o homem do interior que está a duas, três, quatro horas de avião aqui de Manaus”.
Onda Digital: Ainda nesse assunto dos ribeirinhos, o que o senhor acredita que essas pessoas necessitam, principalmente as crianças, que são o nosso futuro?
Rozenha: O Amazonas precisa de uma educação digitalizada, com Starlink, com inserção digital, com internet boa, para que os alunos possam abrir a janela do mundo e ver que o mundo é muito maior, que possam aprender com mais qualidade com seu celular, com seu computador.
O Amazonas precisa de uma política de incentivo da agricultura de várzea. A várzea precisa ser agriculturável, a várzea é fértil. Dá para agriculturas de médio tempo, de três a seis meses, serem amplamente exploradas na várzea e assim a gente explorar a agricultura de subsistência. A rodovia BR-319 precisa sair. O sul do Amazonas precisa voltar a ser do Amazonas, que hoje não é de lugar nenhum. Eles não sabem se são de Rondônia, não sabem se são do Acre. Eles não são de lugar nenhum. Quem mora em Apuí, muitas vezes nunca veio a Manaus.
300 mil cabeças de gado estão na região de Apuí e Matupi, ali isolados. Se a gente melhorar essa logística, frigoríficos vão ser instalados, laticínios vão ser instalados, empregos e ICMS serão gerados naquela região. A gente precisa ver o Amazonas com um olhar mais empreendedor. Tem como gerar riquezas, sim, no interior do estado, basta a gente ter política pública pra isso, políticas estruturantes”.
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