Em SP, cabeleireiro é condenado por dizer que não contrata “petista, feminista e preto”

O cabeleireiro Diego Beserra, condenado por injúria racial (Foto: Reprodução/Instagram).
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou o cabeleireiro Diego Beserra Ernesto, de 38 anos, por injúria racial, discriminação e preconceito de raça ou de cor. Ele foi denunciado por um colega de trabalho ao mandar áudios dizendo que não contrata “gordo, petista, preto, feminista e viado”.
O caso aconteceu em janeiro de 2023. Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), um homem que sublocava uma cadeira no salão de beleza de Diego, localizado em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, procurou a polícia para mostrar os áudios.
Segundo o homem denunciante, que é negro, ele teria encaminhado uma amiga para trabalhar no salão de Diego. No entanto, no dia seguinte a mulher disse que não iria trabalhar no local, sem explicar o motivo.
O homem então perguntou a Diego sobre porque não contratou a mulher. Ele respondeu com áudios de WhatsApp, onde teria dito, primeiramente:
“Cara, eu coloquei uma regra pra mim, eu não te enxergo dessa forma, não se ofenda, mas eu não enxergo dessa forma. Eu não contrato gordo, não contrato petista e não contrato preto”.
Ele continuou:
“No caso do preto, porque alguns se fazem de vítimas da sociedade. No caso ali [da mulher que fez o teste], a mulher tem duas coisas, o gordo preto, ela não cuida nem do próprio corpo. Como é que vai ter responsabilidade na vida? Não é que eu te enxergo branco, eu te enxergo trabalhador”.
Ele também disse:
“Às vezes, essas mina aí que usa cabelo curto é feminista. Não estou generalizando, mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco, você não pode falar nada. [Também] não contrato mais viado, velho. Principalmente viado. Só se a pessoa estiver mentindo”.
A mulher que fez o teste no salão disse, em depoimento à polícia, que não havia aceitado o trabalho porque Diego ficou, há todo tempo, olhando “com ar de desprezo” e fazia “caras feias” para ela.
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Diego foi questionado pela polícia. Ele admitiu a autoria dos áudios, mas negou que tivesse olhado ou tratado a mulher com desdém. Ele também disse que “teve experiências ruins com funcionários homossexuais ”, mas que estava arrependido de usar o termo “viado”. No processo, a defesa dele alegou que os áudios foram obtidos de forma ilegal e que as falas foram tiradas de contexto.
Diego foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15.180 à profissional ofendida e uma reparação de R$ 15.180 a um fundo público por danos morais coletivos. Também recebeu uma pena de 2 anos, 4 meses e 24 dias de reclusão. A punição foi substituída pela prestação de serviços comunitários e o pagamento de um salário-mínimo a uma instituição social.
*Com informações de Metrópoles






