O humorista Léo Lins recebeu o apoio de colegas após ser condenado a 8 anos e três meses de reclusão por promover discurso de ódio em um show de stand-up publicado no YouTube em 2023. Por meio de postagens em seu perfil no X, antigo Twitter, outros humoristas se posicionaram contra a condenação.
Os ex-integrantes do CQC Mauricio Meirelles e Oscar Filho foram os primeiros a postar algo sobre o assunto.

O humorista Mauricio Meirelles comentou; “Estão prendendo comediantes por contar piada. E tem comediante apoiando.”, disse, sem citar nomes. Já Filho publicou “Leo Lins, faz uma coisa! Transforma suas piadas em Funk! Quem sabe você se safa como o MC Poze?”.

O ex-Porta dos Fundos, Antônio Tabet, disparou; “Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida.”, e seu ex-colega de The Noite, Diguinho Coruja, comentou; “Roubar Bilhões de velhos indefesos não dá cadeia. Piada, sim. Que momento horroroso. Força @LeoLins !! Lembrando que qualquer um que falar sobre ser isentão, o Bolsonarismo fez uma campanha pro @DaniloGentili ser preso por causa de uma cena em um filme. Triste país.”

Entenda o caso
O humorista Léo Lins foi condenado a 8 anos e três meses de prisão por promover discurso de ódio em um show de stand-up publicado no YouTube em 2023. A decisão da Justiça Federal de São Paulo também impôs ao comediante o pagamento de uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos, além de uma indenização por danos morais no valor de R$ 303,6 mil. A sentença ainda é passível de recurso.
A condenação atende a uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que denunciou o conteúdo de um vídeo do espetáculo “Perturbador”, apresentado por Léo Lins durante sua turnê nacional ocorrida em 2022. A gravação, realizada em um teatro com plateia pagante, chegou a alcançar mais de 3 milhões de visualizações antes de ser retirada do ar.
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Conhecido por seu estilo de “humor negro”, Léo Lins foi acusado de fazer piadas ofensivas envolvendo pessoas com deficiência, negros, homossexuais e religiosos. Segundo a juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, o alcance do conteúdo nas redes e o número de grupos atacados agravaram a pena. A magistrada destacou que o caráter “descontraído” do show não exime o humorista das consequências legais de suas falas.
“A liberdade de expressão não é ilimitada e não pode ser usada como escudo para discursos que atentam contra a dignidade humana”, afirma a decisão. Para a Justiça, o humor apresentado por Léo Lins ultrapassou os limites legais ao reforçar estigmas e incentivar a intolerância.
A juíza ainda ressaltou que, em casos de conflito entre a liberdade de expressão e os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da igualdade, estes últimos devem prevalecer.
A defesa do comediante ainda não se pronunciou oficialmente sobre a condenação. O caso reacende o debate sobre os limites do humor e os limites legais da liberdade artística no Brasil.