A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu Ronald Mendes, de 32 anos, acusado de assassinar sua ex-companheira, Daniele Sanches, de 36. O crime ocorreu no dia 29 de março de 2025, no sub-bairro de Santa Veridiana, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. De acordo com a investigação, o motivo do assassinato seria a intenção de Ronald em manter um relacionamento amoroso com o namorado adolescente da enteada, atualmente com 17 anos.
Segundo informações obtidas pela polícia, após cometer o crime, Ronald Mendes expulsou a enteada de casa, consolidando seu plano de viver em uma espécie de “nova família” com o filho que teve com Daniele e com o jovem por quem estava apaixonado.
Relacionamento marcado por manipulação e violência
O relacionamento entre Ronald e Daniele começou em 2019. Daniele, que já era mãe de filhos de um relacionamento anterior, levou os filhos para viver com Ronald. Com ele, teve um filho, hoje com três anos de idade. Contudo, desde o início da convivência, o ambiente era conturbado, com frequentes brigas, relatos de agressão e abuso emocional, especialmente contra os enteados.
De acordo com a delegada Ellen Souto, responsável pela investigação, Ronald é descrito como um “homem extremamente manipulador”, que teria se aproximado de Daniele com o objetivo de ter um filho. Durante o relacionamento, ele mantinha relações com outras pessoas e, posteriormente, inseriu o menor de idade no convívio familiar.
O adolescente, segundo a polícia, começou a namorar a filha de Daniele durante o Carnaval de 2024. Ronald, ao conhecer o rapaz, teria desenvolvido sentimentos por ele e o convidado para morar com a família.
A escalada de ameaças e a separação
Com o agravamento das brigas e a presença do adolescente na casa, Daniele passou a receber ameaças constantes de Ronald, especialmente após comunicar que deixaria a residência levando o filho do casal. Um mês antes do crime, ela saiu de casa com os filhos mais velhos e se refugiou na casa da mãe, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Daniele informou a Ronald que pretendia buscar na Justiça a guarda definitiva do filho. Foi a partir desse momento que, segundo os investigadores, Ronald planejou o feminicídio, visando eliminar Daniele e “viver em família” com o jovem e a criança.
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Convite para encontro íntimo terminou em assassinato brutal
A DDPA descobriu que Ronald atraiu Daniele para uma armadilha ao convidá-la para um encontro íntimo. Ele enviou mensagens a ela, sugerindo uma reconciliação sexual. Daniele aceitou, levou salgadinhos e uma garrafa de vinho para o suposto encontro romântico.
O casal seguiu para uma área de mata em Santa Cruz, onde, segundo Ronald, consumariam o ato sexual. No entanto, já era uma emboscada. A vítima, ao ficar nua, foi algemada e posteriormente degolada. Como a faca usada no crime estava cega, Ronald a esfaqueou diversas vezes até consumar o homicídio.
Depois do assassinato, ele voltou para casa ensanguentado e pediu ao namorado da enteada e a outro adolescente que comprassem gasolina para queimar o corpo. Ronald retornou ao local do crime e ateou fogo ao cadáver de Daniele. Mais tarde, admitiu ter voltado três vezes ao matagal para terminar de incinerar os restos mortais.
A polícia encontrou uma ossada no local indicado por Ronald, que foi enviada para perícia.

Tentativa de enganar a família com mensagens falsas
Após o assassinato, Ronald tentou simular que Daniele estava viva. Ele passou a enviar mensagens para amigos e familiares se passando por ela, pedindo que não a procurassem. No entanto, o irmão da vítima desconfiou do teor dos textos, pois Daniele costumava enviar apenas mensagens de áudio.
Foram necessários 40 dias até que a família decidisse registrar o boletim de ocorrência de desaparecimento. A denúncia foi essencial para que a investigação avançasse.

Adolescente revelou crime à mãe
O desfecho da investigação ocorreu após o adolescente namorado da enteada fugir da casa onde vivia com Ronald e procurar a mãe. Segundo a polícia, o jovem estava com medo, após Ronald mostrar imagens do crime.
A mãe do adolescente estranhou as mensagens insistentes de Ronald e pressionou o filho, que então revelou toda a verdade.
Para tentar se isentar da responsabilidade, Ronald chegou a alegar que o adolescente havia planejado o assassinato e que ambos participaram da execução de Daniele. A versão foi desmentida por provas e depoimentos.
Prisão temporária por feminicídio
Na última semana, a Justiça do Rio expediu um mandado de prisão temporária contra Ronald Mendes, que foi capturado pela equipe da DDPA. Ele responderá por feminicídio.
*Com informações de G1 e Metrópoles