Etanol X fomepizol: saiba a diferença dos dois antídotos contra o metanol

(Foto: reprodução)
O Ministério da Saúde confirmou, até esta quinta-feira (2/10), 59 casos suspeitos de intoxicação por ingestão de bebidas adulteradas com metanol no Brasil. Do total, 11 foram confirmados em laboratório e 48 seguem em investigação. Uma morte já foi atestada em São Paulo, enquanto outras sete ainda estão em análise: duas em Pernambuco, três na capital paulista e duas em São Bernardo do Campo.
Diante do aumento dos registros, a pasta publicou uma nova nota técnica orientando o sistema de saúde sobre protocolos de atendimento. Atualmente, dois antídotos podem ser utilizados no tratamento: o etanol farmacêutico e o fomepizol.
No país, apenas o etanol está disponível de forma imediata. Já o fomepizol, considerado mais seguro e com menos efeitos colaterais, não tem registro sanitário no Brasil, o que levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a abrir um chamamento internacional para aquisição do medicamento.
Um especialista ouvido pela CNN Brasil explica que o etanol age competindo com o metanol no fígado, retardando a formação de substâncias tóxicas como o ácido fórmico, responsável por complicações graves, incluindo risco de cegueira, explica Werlley Januzz, diretor do Pronto-Socorro do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) e médico cardiointensivista.
“No caso específico, nosso maior temor seria o ácido fórmico [formado pela metabolização do metanol], que traz sintomas e efeitos colaterais gravíssimos, podendo levar até mesmo a cegueira. Em linguagem mais simples, ele [o etanol] entra na frente da fila e ‘compra um tempo’ para que possamos tratar o paciente de forma adequada”, disse o diretor.
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O fomepizol, por sua vez, bloqueia diretamente a enzima responsável pela metabolização, sendo considerado mais previsível e eficaz, com menor risco de efeitos adversos.
“Então, podemos dizer que o fomepizol é um antídoto que serviria como se fosse um interruptor, que desligaria essa via de produção do ácido fórmico dentro do nosso corpo após a metabolização do metanol”, conclui Werlley.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a compra emergencial de 150 mil ampolas de etanol farmacêutico para reforçar o estoque nacional e atender estados e municípios. Segundo ele, hospitais universitários federais já contam com 4,3 mil ampolas disponíveis, mas a medida busca ampliar a capacidade de resposta.
“A Anvisa também entrou em contato com fornecedores internacionais para garantir a aquisição de fomepizol, outro antídoto usado em casos de intoxicação”, afirmou Padilha em publicação nas redes sociais.
A sala de situação criada pelo governo federal segue monitorando os casos em todo o país e coordenando ações de prevenção e tratamento.
*Com informações da CNN Brasil e Agência Brasil.
