Em cerimônia hoje no Ministério da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um cocar para receber sua medalha de mérito indigenista. Há alguns dias, foi anunciado que Bolsonaro e outras autoridades do governo receberiam a honraria, após portaria emitida pelo ministro da Justiça Anderson Torres.
A condecoração do presidente não foi bem recebida por entidades e nomes ligados à proteção dos povos indígenas.
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Bolsonaro recebe medalha de mérito indigenista pelo ministério da Justiça
A líder indígena Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), afirmou que a homenagem a Bolsonaro é uma afronta e que vai contestá-la na justiça.
Já o ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) e ativista Sidney Possuelo devolveu a sua medalha do mérito indigenista, recebida há 35 anos, em protesto. Possuelo foi ao ministério da Justiça para devolver a medalha e protocolar carta ao ministro Torres. Na carta, ele escreveu:
“Quando deputado federal, o senhor Jair Bolsonaro, em breve e leviana manifestação na Câmara dos Deputados, afirmou que a ‘cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país'”.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já denunciou o presidente duas vezes, pela sua política anti-indígena. Recentemente Bolsonaro também pediu urgência na tramitação do projeto no. 191 de 2020, que permite mineração em terras indígenas. O presidente alegou que essa medida possibilitaria abastecer o Brasil de potássio, que poderia faltar ou aumentar de preço no país em virtude da guerra entre Rússia e Ucrânia.