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Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição

Escritora destaca a importância de novos acadêmicos diversos e lembra a histórica negação da negritude na Academia
10/11/25 às 08:59h
Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL e se torna primeira mulher negra a ocupar cadeira na instituição

(Foto: Reprodução)

A escritora Ana Maria Gonçalves assumiu, na sexta-feira (7/11), a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o linguista Evanildo Bechara, falecido em maio deste ano. A cerimônia aconteceu no tradicional Petit Trianon, sede da instituição no centro do Rio de Janeiro.

Com 54 anos, prestes a completar 55, Ana Maria é a 13ª mulher eleita desde a fundação da Academia e a sexta a compor o quadro atual de acadêmicos. Ela também é a mais jovem entre os imortais em exercício.

Autora do premiado romance “Um defeito de cor”, Ana Maria foi recebida pela antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz. Durante o evento, recebeu o colar acadêmico das mãos de Ana Maria Machado e o diploma de posse de Gilberto Gil.

A comissão de recepção foi composta por Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão; a de despedida, por Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro e Eduardo Giannetti.


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O fardão usado por Ana Maria na solenidade foi confeccionado por artesãos da escola de samba Portela, que homenageou “Um defeito de cor” em seu desfile no Carnaval de 2024. A autora mencionou a agremiação em seu discurso de agradecimento.

Em sua fala, ela destacou o longo histórico de exclusão de mulheres e de grupos sub-representados na ABL, lembrando episódios como a rejeição da candidatura de Dinah Silveira de Queiroz e, mais tarde, a aceitação de Raquel de Queiroz.

“Acredito que a discussão em torno da candidatura da escritora Conceição Evaristo em 2018 contribuiu para eu estar aqui hoje. Independentemente do resultado, foi uma candidatura que fez com que a ABL olhasse para si e, diante da sociedade, finalmente percebesse o quão homogênea ainda era, o quanto falhava em representar dentro de seus quadros todas as línguas faladas pelo nosso povo”, refletiu.

A escritora também ressaltou a importância das recentes eleições de acadêmicos com perfis mais diversos. “Ainda somos poucos, para tanto trabalho de reconstrução de um imaginário em relação ao que representamos”, afirmou, lembrando que, por muito tempo, Domício Proença foi o único negro na Academia e que a negritude de Machado de Assis foi historicamente negada.

*Com informações da CNN Brasil