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Gigantes da Amazônia: especialistas explicam como as árvores fazem o papel de ‘guardiãs do clima’

Com papel vital para a preservação do meio ambiente, as espécies estão em risco por causa do desmatamento
25/10/25 às 11:00h
Gigantes da Amazônia: especialistas explicam como as árvores fazem o papel de ‘guardiãs do clima’

Na vastidão da Floresta Amazônica, árvores gigantes erguem-se como pilares vivos do equilíbrio climático da Terra. Espécies como o Angelim-Vermelho, que podem atingir mais de 80 metros de altura, desempenham um papel vital na regulação do clima local, regional e global. No entanto, essas colossais guardiãs enfrentam uma ameaça crescente: o desmatamento. Mas esta espécie não é a única a exibir esse papel importante para o meio ambiente.

Elas têm características específicas, segundo Francisco Tarcísio, engenheiro florestal, professor do departamento de ciências florestais da UFAM, e PhD em ciências agronômicas e florestais.

“Árvores gigantes são caracterizadas pelas dimensões excepcionais que possuem, geralmente ultrapassando 40 metros de altura, chegando a atingir 60 a 80 metros em alguns casos (como Dinizia excelsa, conhecida como angelim-vermelho, na Amazônia). O diâmetro à altura do peito (DAP) costuma ser superior a 1,5 metro, podendo ultrapassar 3 metros nas maiores espécies. Estas árvores podem ter tronco retilíneo e maciço, com grande volume de madeira e sistema radicular profundo ou com sapopemas largas (raízes tabulares) para sustentação”, explica.

Você realmente sabe qual é a importância das árvores para o meio ambiente?
(Foto: Projeto Árvores Gigantes da Amazônia)

Além do Angelim-Vermelho, a floresta está repleta dessas verdadeiras preciosidades da Amazônia, como explica o gestor de projetos no terceiro setor, Janderson Sarmento.

“Seja a majestosa Samaumeira, a imponente Castanheira, o vital Angelim-Vermelho e até mesmo o Açaí, não são apenas elementos paisagísticos; eles são verdadeiros pilares do equilíbrio climático global”, diz.

Foto: Castanheira. (Instituto Soka Amazônia)
Castanheira (Foto: Instituto Soka Amazônia)

Sequestro de Carbono

Janderson conta ainda que a principal atuação das gigantes da floresta atua como ‘sumidouros do carbono (CO₂)’.

“Nessa atividade elas são insuperáveis, absorvendo quantidades massivas de dióxido de carbono da atmosfera e liberando oxigênio vital, um processo que é fundamental para mitigar o aquecimento global e regular os padrões climáticos em escalas continentais”, ressalta.

Foto: Professor Janderson (Reprodução)

Além do sequestro de carbono, as árvores amazônicas desempenham um papel essencial na regulação do ciclo da água. Por meio da evapotranspiração, processo em que a água absorvida pelas raízes é liberada pelas folhas em forma de vapor, a floresta contribui para a formação de um sistema autossustentável de chuvas e muito mais.

“A magnitude de sua biomassa e a profundidade de seus sistemas radiculares contribuem para a estabilidade do solo, a ciclagem da água e a manutenção necessária até as condições essenciais para preservar a biodiversidade, elementos que, em conjunto, formam uma barreira natural contra as mudanças climáticas extremas”, detalha.

Outras espécies também dependem das gigantes árvores

Espécies na fauna amazônica também são influenciadas pela presença dessas espécies gigantes.

“Em relação à dinâmica do bioma amazônico, estas árvores interagem com outros indivíduos, sejam da mesma espécie, outras espécies de árvores e/ou plantas, animais, fungos, entre outros. Elas constituem suporte para nidificação de aves, contribuem com seus frutos com a dieta de animais como primatas e aves, servem de abrigo, suporte para epífitas como orquídeas e bromélias, servem como substrato para fungos e liquens, entre outros”, explica Francisco Tarcísio.

Francisco Tarcísio – engenheiro florestal, professor do departamento de ciências florestais da UFAM (Foto: Acervo pessoal)

Gigantes em perigo

Apesar de sua importância, as árvores gigantes da Amazônia estão cada vez mais ameaçadas. O avanço do desmatamento coloca em risco todos esses mecanismos naturais.

“A perda das árvores gigantes, seja por desmatamento ou incêndios, desencadeia um efeito dominó que é nocivo ao meio ambiente. Não se trata apenas da liberação do carbono armazenado, mas da interrupção de ciclos hidrológicos complexos que influenciam as chuvas em regiões distantes, afetando a agricultura e a disponibilidade de água potável”, explica Sarmento.

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(Foto: Ibama)

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Termostato Natural

A floresta amazônica também atua como um termostato natural. A evapotranspiração consome energia térmica, ajudando a resfriar o ambiente, enquanto a sombra proporcionada pela densa copa das árvores reduz a incidência de calor no solo. Diferente das áreas desmatadas, que refletem mais calor, a floresta ajuda a manter a estabilidade térmica e climática da região e do planeta.

Esse processo gera um ciclo de feedback positivo: o resfriamento e a umidade mantêm condições ideais para o crescimento da floresta, que, por sua vez, continua a fornecer esses serviços ambientais vitais.