A temperatura da água de 12 lagos no Amazonas subiu e está mais quente em relação ao ano passado, o que representa um grave risco para os botos, segundo o levantamento divulgado, nesta segunda-feira (30/09), pela WWF-Brasil e MapBiomas.
Em 2023, os lagos Tefé e Coari, no interior do Estado, registraram a morte de 330 botos devido às altas temperaturas. Neste ano, o estado é castigado pelo segundo ano consecutivo com a seca extrema e 62 municípios estão em situação de emergência após decreto assinado no dia 05 de julho pelo governador do Amazonas Wilson Lima.
De acordo com a WWF-Brasil, 23 lagos dos mais de 60 existentes na Bacia Amazônica com a mesma hidrogeomorfologia estão com a temperatura acima da média acumulada dos últimos cinco anos para o mês de agosto.
“O mais preocupante é que, em 23 de setembro, 12 desses lagos já estavam com temperaturas acima dos valores observados em 2023, ano no qual as águas atingiram temperaturas extremas, resultando em uma catástrofe para a população de botos da Amazônia”, afirma Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil e uma das coordenadoras da plataforma.
“Esses lagos também acumulam de 5 a 9 meses com temperaturas médias acima do observado em 2023, ressaltando o estresse fisiológico acumulado pela sucessiva exposição a altas temperaturas e baixos níveis de água.”, disse ela.
O governador do Amazonas Wilson Lima decretou situação de emergência para 62 municípios por conta dos efeitos da estiagem.
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O Instituto Mamirauá confirmou que a morte dos botos em 2023 foi causada pela
alta temperatura da água, que chegou a 40 graus na ocasião. A plataforma também permite monitorar a área coberta por água nos lagos, já que a redução da quantidade está diretamente ligada ao aquecimento.
“Nos últimos dias choveu muito, o que resultou em um cenário mais favorável. Com isso, a temperatura ainda não chegou aos 40 graus, que é o limiar perigoso para os mamíferos aquáticos, mas estamos preocupados com as próximas semanas. No ano passado, observamos que 3 a 6 dias de sol intenso são suficientes para uma elevação rápida da temperatura, transformando o lago em uma verdadeira armadilha para os botos”, explica Ayan Fleischmann, coordenador do Grupo de Geociências do Instituto Mamirauá.
A oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do grupo de pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá informou sobre as mortes dos botos registradas na seca deste ano. “Na última semana, no Lago Tefé, ao menos uma morte de boto ou tucuxi foi registrada por dia, resultante de interação desses animais com atividades de
pesca, navegação e retaliação direta”, disse ela.