O Oscar inédito conquistado pelo Brasil com o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, na categoria Melhor Filme Internacional, marcou a história do cinema brasileiro. Mas a representatividade também foi um marco durante a premiação.
No Amazonas, indígenas da aldeia Inhaã-bé, localizada na região do Tarumã-açú, em Manaus, foi a grande escolhida para representar os povos originários durante a transmissão ao vivo do evento, na noite de domingo (2/3).
Rituais por “Ainda Estou Aqui”
Rituais para emanar boas energias ao filme “Ainda Estou Aqui”, além de exibirem o filme “Central do Brasil” e toda programação do Oscar, foram os protagonistas na noite de premiações.
“Foi, sem dúvida, um momento que ficará marcado em toda a minha vida e na vida dos parentes que estavam aqui, torcendo e emanando boas energias ao filme, e também à memória de Eunice Paiva, mulher e advogada, sendo uma das pioneiras na luta por nossas causas indígenas. Representar todos os povos originários foi importante para nós e para todo o país. Sinto muito orgulho disso – ganhamos o Oscar, gente”, disse Thaís Kokama, organizadora e autora do projeto “Cine Aldeia”.
Sala de cinema sustentável
A primeira sala de cinema em território indígena no Brasil, construída no formato de uma oca, conta com poltronas feitas de pneus retirados do lixo e placas solares, mantendo o respeito pela natureza e fazendo uso de materiais recicláveis. Isso a torna uma das primeiras salas de cinema do país ecologicamente correta e movidas a energia limpa.
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O “Cine Aldeia” é a primeira sala de cinema em território indígena no país. O espaço surgiu em 2019, com exibições de filmes para crianças na Aldeia Inhaã-bé e ao longo dos últimos três anos, a aldeia recebeu atividades e oficinas de cinema, além de ter sido utilizada como set de filmagens para produções nacionais e internacionais, impulsionando e motivando a comunidade nas práticas cinematográficas.
A nova estrutura veio em fevereiro de 2025, após ser contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo, vinculado à Prefeitura de Manaus, recebendo adaptações e a aquisição de equipamentos para exibições, mostras, festivais e atividades voltadas para a produção audiovisual, com o objetivo de impulsionar a cadeia cultural da sétima arte, beneficiando indígenas e comunidades locais.