Os sindicatos, movimentos sociais e populares, partidos e centrais sindicais realizaram, na tarde de terça-feira (10/12), uma manifestação contra a concessão de anistia para envolvidos no 8 de janeiro, pelo fim da escala de trabalho 6X1 e contra a “PEC do Estupro” (Proposta de Emenda à Constituição 164/12), no Centro de Manaus.
Os manifestantes se reuniram na Praça da Matriz e depois caminharam até a Praça do Congresso, entoando palavras de ordem como “sem anistia e sem perdão”, “criança não é mãe, estuprador não é pai” e “trabalhador, presta atenção, a 6 por 1 é escravidão”.
A presidente da ADUA, Ana Lúcia Gomes, destacou a importância da realização do ato contra a anistia especificamente no Amazonas. “Nosso estado mais que nenhum outro sofreu durante o desgoverno Bolsonaro, não podemos esquecer da quantidade de pessoas que morreram na pandemia, que perderam suas vidas em função da ausência de vacina, então nós nos somamos a esse ato porque somos contra que esses golpistas sejam anistiados”, disse.
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A docente da Ufam também destacou a importância das outras bandeiras levantadas durante a mobilização no Centro. “A ADUA se soma aos movimentos sociais para fazer valer nossos direitos, nós somos contra a escala por 6×1 que retira o direito das pessoas ao descanso, somos a favor que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham tempo de lazer com suas famílias, e somos contra a ‘PEC do Estuprador’”, afirmou durante o ato.
Sobre esse último tema, a vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e coordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM), Eriana Azevedo, explicou que a PEC 164/12 quer restringir os direitos reprodutivos e impor um retrocesso ao aborto legal. “Essa PEC é uma afronta do Congresso, é um ataque direto aos direitos de meninas e mulheres, eles querem fazer com que mesmo em casos de estupro e anencefalia a pessoa leve a gravidez até o fim, isso é retirar direitos”, explicou, destacando que o Amazonas possui índices alarmantes de violência sexual contra crianças e adolescentes.
A manifestante ressaltou que as mulheres são também as principais afetadas pelas jornadas 6×1 (seis dias de trabalho e um dia de descanso), por isso o movimento também estava nas ruas. “As mulheres têm a tripla jornada de trabalho, um dia apenas de folga para uma mulher não é nada justo, para nós fica ainda muitas vezes o cuidado com o lar, com os filhos e outros familiares, inclusive alguns doentes”, disse, acrescentando que para o movimento questões como essas que afetam diretamente a vida das mulheres são urgentes.