Débora Mafra, a delegada-titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher, foi entrevistada hoje, 11, no programa Fiscaliza Geral. Ela falou sobre o aumento das estatísticas de violência contra a mulher no Amazonas, segundo recente pesquisa da Fundação de Vigilância em Saúde do estado.
A respeito da pesquisa, Débora afirmou:
“Quando chega na vigilância em saúde, é porque a mulher já necessitou de assistência de saúde, além da criminal. Geralmente são vítimas de crimes sexuais, e chegam buscando atendimento após crueldades. E tratam-se de crianças e adolescentes, o que me causa mais tristeza.
São 4.691 casos de violência contra a mulher, a maioria atingindo a faixa etária entre 10 e 14 anos. É quando a adolescente se torna objeto sexual para a maioria dos homens agressores, e acontece dentro de casa, com pessoas próximas: avôs, pais, padrastos, tios. A menina geralmente cresceu com aquele homem, vendo-o como herói, e ele então se torna agressor. É um trauma grande, e a violência psicológica vem atrelada à física e à sexual”.
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A delegada enfatizou a importância da denúncia:
“Onde podemos ajudar, é sempre ressaltar a questão da denúncia. A denúncia salva vidas, é ela que para o agressor. Muitos dizem, ‘medida protetiva é um papel’, mas salva vidas. A maioria das vítimas de feminicídio nunca denunciaram seus agressores. Uma mãe que denuncia o abuso contra sua filha evita que várias passem pela mesma coisa”.
Ela também falou sobre a violência psicológica enfrentada por muitas mulheres, e sobre o atendimento que a delegacia em Manaus presta às vítimas:
“É importante que outras pessoas notem comportamentos agressivos ou indícios. É preciso chegar junto à pessoa e dizer ‘fulana, eu percebi tal coisa e isso não é normal’. É importante dizer isso, mesmo que a mulher fique com raiva num primeiro momento, porque vai plantar uma semente que vai levar à reflexão mais pra frente. A violência moral e psicológica é a mais difícil de se aceitar e reconhecer.
Já quanto às delegacias, não são todas as capitais que as têm funcionando 24 horas, a de Manaus sim. O Amazonas sempre deu o valor necessário às nossas mulheres, temos serviços de apoio para dar amparo, e temos 3 que funcionam aqui no estado. As 2 do interior vão se adequar à nova lei e também funcionarão 24 horas em breve”.
A entrevista completa com a delegada Débora Mafra pode ser assistida aqui.