Em uma noite marcada por homenagens, resistência e celebração da cultura amazônica, o segundo Curral do Boi Garantido levou centenas de torcedores vermelhos e brancos ao Centro de Convenções Professor Gilberto Mestrinho – Sambódromo, em Manaus, no sábado (19), data em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas.
Com o tema “A Noite dos Povos Indígenas – A Resposta Somos Nós”, o evento integrou a programação do Ensaio dos Bumbás. A proposta da noite foi exaltar os povos originários da Amazônia e reforçar o papel do Boi Garantido como símbolo de resistência cultural.
O espetáculo teve início com apresentações de Carlos Batata, PA Chaves e Leonardo Castelo, que embalaram o público com clássicos do boi da Baixa do São José e com toadas da temporada de 2025, já adotadas com entusiasmo pela torcida perreché. O cantor Wesley Nery fez uma participação especial durante o primeiro bloco.

Além das performances musicais, a noite também teve espaço para ativismo. Durante o evento, foi reforçado o apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) da campanha Amazônia de Pé, que busca reunir 1,5 milhão de assinaturas físicas para apresentar ao Congresso Nacional um projeto de combate às queimadas, à grilagem e ao desmatamento da floresta.
Sob forte chuva, a segunda parte da apresentação começou com Israel Paulain, que emocionou o público com a icônica toada “Eldorado” (1997). A canção “Garantido é Pressão” levantou as arquibancadas, em uma verdadeira demonstração de amor ao boi do povo.
Paulain também destacou a importância da data. “O Dia dos Povos Indígenas não é apenas para comemorar. É um momento de reflexão e respeito. O Boi Garantido canta a nossa Amazônia há muitos anos, e os povos originários fazem parte dessa história”, afirmou.
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Outro momento de destaque foi a performance de David Assayag, que abriu sua apresentação com “Xamã Bahsese” e chamou ao palco o pajé Adriano Paketá, que apresentou um trecho de sua evolução, prevista para o Festival de Parintins, nos dias 27, 28 e 29 de junho. “Foi uma noite mágica, com rituais, lendas e homenagens aos nossos irmãos indígenas”, declarou o levantador de toadas.
O ponto alto da noite veio com a chegada do boi de pano, que surgiu nas arquibancadas ao som de “Décima oitava evolução” e atravessou a arena em direção ao palco, arrancando aplausos e gritos da torcida.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi protagonizado pela pequena Ianayra, indígena da etnia Sateré-Mawé. A jovem cantou a toada “Olhar de Curumim” e declamou um manifesto contra o genocídio indígena. “Foi uma experiência única. Estou muito feliz de cantar. A gente tem que aproveitar tudo, porque não sabe o dia de amanhã”, disse a cunhantã.
Encerrando a noite, os artistas Márcia Siqueira, Luciano Araújo, Alciro Neto e Julieta Câmara subiram ao palco e conduziram o último bloco de apresentações, reforçando a força e o encantamento do Boi Garantido no coração dos amazonenses.