Após ter uma vida dedicada a cuidar de pacientes no Hospital Geral de Palmas (HGP), a técnica de enfermagem Benedita de Nazaré Ribeiro Ferreira, de 48 anos, não deixou de ajudar as pessoas mesmo na morte. Ela sofreu um AVC hemorrágico e não resistiu. A família autorizou a doação dos órgãos e pela atitude, os colegas e amigos a homenagearam na unidade.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a captação aconteceu nesta quarta-feira (11) e cinco pessoas que estão na fila aguardando transplantes terão uma nova oportunidade de cura. Foram doados o fígado, que seguiu para Brasília (DF); rins, destinados ao Pará; e córneas, que ficaram no Banco de Olhos do Tocantins. Esta foi a oitava captação de órgãos do ano.
Ao deixar a UTI com direção ao centro cirúrgico para captação dos órgãos, colegas de trabalho e amigos do HGP fizeram um corredor de aplausos para Benedita. Eles estavam com balões brancos e cartazes para lembrar a importância da colega.
“Mesmo com problemas de saúde por ser hipertensa, nunca deixou isso afetar seu trabalho. Feliz daquele paciente que passou pelos cuidados dela, ela viveu para cuidar”, lamentou a técnica de enfermagem Isabel Soares de Oliveira Carvalho, que trabalhava com Benedita.
Após a captação, os órgãos também foram aplaudidos na porta do hospital antes de seguirem viagem.
Naiana José de Oliveira Morais, enfermeira que coordena o setor onde a técnica atuava no HGP, também estava na homenagem e expresso os sentimentos pela perda da colega.
“A Benedita era uma pessoa muito batalhadora, tinha muitos sonhos, levava uma vida dedicada ao trabalho, chegou a trabalhar em quatro empregos simultaneamente. Era uma pessoa calma, educada, calada, respeitável, inteligente, uma profissional dedicada, assistência técnica de excelência, não reclamava de nada em relação à assistência de enfermagem mesmo às vezes trabalhando sobrecarregada”.
Além de trabalhar no HGP, Benedita também era concursada na Prefeitura de Palmas. Atuava no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) desde 2015. Casada, a servidora do município e estado deixa uma filha de 16 anos.
Doação
Para que a captação de órgãos seja possível, a pessoa deve manifestar essa vontade em vida e avisar os familiares. Somente eles podem expressar a vontade do paciente, segundo a SES.
Ela ocorre em casos de morte encefálica, em que a pessoa perde as funções cerebrais. Os órgãos ficam ativos por um período curto, em que é possível realizar a captação.
Equipes da Central Estadual de Transplante do Tocantins (CETTO), da Organização de Procura de Órgãos, do Hospital Geral de Palmas (OPO), da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e do Banco de Olhos Público do Tocantins (Boto) atuam nas captações de órgãos no estado.