Preso preventivamente desde 14 de janeiro deste ano, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, teve o pedido de liberdade negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (1º).
A prisão do ex-ministro ocorreu dias após os ataques as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Na ocasião, Torres se encontrava nos Estados Unidos de férias, apenas 8 dias após assumir o cargo de secretário de segurança do Distrito Federal.
Na decisão desta quarta-feira, Moraes afirmou ser “absolutamente prematura a revogação da prisão preventiva de Anderson Gustavo Torres”. O ministro afirmou ainda haver diligências pendentes de execução pela Polícia Federal envolvendo o ex-secretário e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
Moraes também relembrou a provável omissão de Torres, que, mesmo ciente da probabilidade de atos violentos, não teria tomado providências para garantir a segurança da Praça dos Três Poderes.
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Contra o ex-ministro de Bolsonaro, pesa também o fato de ainda estar pendente a perícia na “minuta de decreto” encontrada na casa de Torres durante busca e apreensão. O documento previa a decretação de Estado de Defesa sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e interrupção do processo eleitoral.
“No que diz respeito especificamente à ‘Minuta de Decreto’, a Procuradoria-Geral da República ressaltou a probabilidade de que, em liberdade, Anderson Gustavo Torres coloque em risco o prosseguimento das investigações, a colheita de provas e, por conseguinte, a persecução penal”, frisou Moraes.
Quem também se manifestou contra a soltura de Torres foi a Procuradoria-Geral da República (PGR), que argumentou não haver nenhuma mudança na situação que levou à prisão do ex-secretário.
A defesa de Torres alega que não ficou demonstrado nenhum ato criminoso supostamente praticado por ele, motivo pelo qual sua prisão preventiva não se justifica. Os advogados acrescentaram que seu cliente já prestou todos os esclarecimentos à Polícia Federal, demonstrando não ser possível seu envolvimento com os atos de 8 de janeiro.
No Supremo, Torres é alvo de um inquérito sigiloso, no qual é investigado junto com o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, e o ex-comandante da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira.