RACISMO – A deputada estadual Thainara Faria (PT) disse durante discurso no plenário nesta sexta-feira (31), ter sido vítima de racismo, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
De acordo com a parlamentar, uma servidora tentou impedir que ela assinasse a lista de presença de deputados durante entrega do “Prêmio Theodosina Rosário Ribeiro”, proposto pela deputada Leci Brandão (PCdoB).
“Eu passei três horas numa solenidade belíssima da deputada Leci Brandão, sentada aqui, com a placa escrita ‘deputada Thainara Faria’. Quando eu desci da mesa e fui assinar os livros, a servidora falou: ‘não, esses livros são só para os deputados’. Eu mostrei o bottom para ela, assinei o livro, e fui dar entrevista para a TV Alesp. Quando eu virei para dar entrevista para a TV Alesp, eu que tenho o tato, o olfato e a audição muito apurados, ouvi ela reclamando para outra servidora: ‘é difícil’”, iniciou o relato.
Por meio de nota, o presidente da Alesp, André do Prado (PL), solidarizou-se com a colega e disse ter tomado providências sobre o assunto.
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“Dei entrevista, voltei, e falei para ela: é difícil todos os dias nesta Casa ser confudida”, acrescentou.
Ainda em discurso, a deputada disse que se dedicou para estar com identificação especialmente por estar de tranças.
“Hoje, por estar de trança, e por ter esquecido o meu bottom na minha casa, eu pedi para que minhas assessoras pedissem outro bottom para que eu não fosse confundida. Negaram o bottom primeiro e disseram ‘não, a deputada já tem. Nós temos poucos bottons de deputada, porque tem muita deputada agora’. Mesmo assim, deram o bottom”, contou em plenário.
Disse ainda que relatou o incoveniente à servidora.
“Nós procuramos vocês hoje para que fosse garantido meu bottom para que eu não precisasse passar racismo e vocês negaram esse bottom. Porque não estão acostumados com uma mulher preta, jovem, de 28 anos, circulando por essa casa. E eu sabia que por estar de trança eu seria confundida, eu queria evitar esse tipo de situação”, disse à ela.
“Eu não gostaria de estar chorando aqui agora, mas a questão é que dói muito. Toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata, gente. E eu não quero que mais ninguém passe por isso”, continuou o desabafo em plenário.
No Instagram, a deputada também publicou um vídeo sobre o assunto. “Eu vou perguntar para vocês: isso foi um mal entendido? Hoje de manhã eu fui pegar esse bottom aqui que a gente usa, justamente pra identificar que a gente é deputada exatamente por causa disso. Eu justamente não queria passar por esse racismo por causa da trança, por conta de estar circulando nessa casa fora dos padrões. Isso não é mal entendido gente, isso é racismo puro e o pior tipo de racismo que existe, que é o estrutural”, disse na rede social.
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