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Pré-candidatos expõem um choque entre o ‘velho’ e o ‘novo’ jeito de fazer campanha

Uso de lacração nas redes sociais e do "corpo a corpo" com o eleitor são duas tendências de campanha que estão em choque nessa altura das "eleições"
Pré-candidatos expõem um choque entre o ‘velho’ e o ‘novo’ jeito de fazer campanha

(Foto: Cássio Costa/Agência Senado)

A eleição geral de 2026 acontecerá no dia 4 de outubro, mas com menos de um ano para essa data chave, muitos políticos e partidos que já colocaram o bloco na rua e nas chamadas pré-candidaturas apresentam estratégias de comunicação com os eleitores que parecem um choque entre o “velho” e o “novo” jeito de fazer campanha eleitoral.

Representante da nova geração de políticos, forjados pelas redes sociais, o vereador Sargento Salazar (PL) é um expoente deste ‘novo’ jeito e abusa da presença nas redes sociais diariamente, sem dar trégua aos que considera os adversários políticos, no caso o prefeito David Almeida (Avante), o vice Renato Júnior (Avante) e o governador do Amazonas Wilson Lima (União).

Na Câmara Municipal, onde dá expediente, ele fala pouco em comparação com os colegas e sua produção legislativa, medida pelo portal Rede Onda Digital, o coloca entre os 15 que mais apresentaram projetos de lei nestes quase dez meses de mandato, porém, bem distante dos mais produtivos.

Agora nas redes sociais, o vereador está todos os dias produzindo vídeos usando de linguagem chula, abusando de palavras de baixo calão para se referir aos adversários e adotando um visual anti-político, com camisa do Flamengo para ser popular, calção de plástico, sandálias comuns e uma marreta de brinquedo. Sem contar no parceiro de vídeo que ele chama de “Kid” e completa o visual de programa popularesco dos anos 90.


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Política tradicional é no corpo a corpo

Na outra ponta do espectro de marketing, os políticos tradicionais que já estão em pré-campanha também usam as redes sociais, mas de uma maneira diferente e mais contida. Eles optam por atos mais sóbrios, apresentando as capacidades de articulação e de conhecer as “dores” da população, bem como ter bons relacionamentos para resolver os problemas.

Um bom exemplo neste caso é o do superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, que revelou com exclusividade para a Rede Onda Digital, que ingressará no PSD para ser candidato a Assembleia Legislativa.

Nas redes sociais ele só posta aos fins de semana, fora do expediente da Suframa, e sempre momentos em que está acompanhado de “velhos” companheiros de outras campanhas. Com vídeos descontraídos, Bosco almoça com os amigos do Morro da Liberdade, reforçando a ideia de “menino do Morro” (como também fez David Almeida em 2024), bate um samba com a galera e quando sai deste roteiro é para mostrar as capacidades de conversar e de ter articulação política, como ocorreu há duas semanas num encontro com o arcebispo Metropolitano de Manaus e cardeal da Amazônia, Dom Leonardo Steiner.

Bosco Saraiva faz o verdadeiro corpo a corpo com o eleitor, modelo também adotado por pré-candidatos como os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), que estão todos os fins de semana em contato direto com o eleitor, seja em eventos de entrega de obras ou em anúncios de envio de emendas parlamentares. Tudo devidamente veiculado nas redes sociais.

Político é produto

As duas posturas cabem no que o especialista em marketing político Lucas Pimenta define como: “Política é negócio, político é produto”.

“O eleitor escolhe seu candidato com base neste aspecto, há quem goste da lacração, mas a maioria prefere a sobriedade”, avaliou Pimenta, lembrando também que as duas posturas não são novas, elas apenas usam das novas tecnologias propiciadas pelas redes sociais e até inteligência artificial para atingir mais pessoas.

Para o cientista político Odeney Oliveira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), essas posturas miram públicos já conquistados, cativos e que estão pouco abertos a mudança ao longo do processo de pré-campanha e de campanha propriamente dita.

Quem se identifica com lacração, diz o professor, vai buscar candidatos que atuam desta forma e eles estão espalhados por todo o Brasil e por todos os espectros ideológicos. Ele cita como exemplo de lacradores de espectros políticos diversos, o caso dos deputados mineiros André Janones (Avante) e Nikolas Ferreira (PL).