O ministro Flávio Dino diz que nunca recebeu “líder de facção ou esposa” em seu gabinete no Ministério da Justiça. Ele se pronunciou nas redes sociais nesta segunda, 13, após divulgação de matéria do Estadão que afirma que membros do ministério fizeram reuniões com a esposa de um líder da facção criminosa Comando Vermelho.
Veja o post do ministro no X, ex-Twitter:
Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho.
De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete.
Sobre a audiência, em outro local, sem o meu…— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) November 13, 2023
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Luciene Barbosa Farias, conhecida como ‘dama do tráfico amazonense’, esteve em pelo menos duas audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o ‘Tio Patinhas’, que cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé, no Amazonas.
Ela se apresenta como presidente da ILA (Associação Instituto Liberdade do Amazonas), uma ONG que, segundo investigações da Polícia Civil, atua em prol de presos ligados ao Comando Vermelho e é financiada com dinheiro do tráfico. A própria Luciene foi investigada por envolvimento com o CV e foi condenada por lavar dinheiro para a organização criminosa. E segundo a reportagem, ela circula por Brasília ao lado da advogada Camila Guimarães de Lima e da amiga Janira Rocha, ex-deputada estadual pelo PSOL.
Em uma das audiências, Luciene foi como acompanhante de Janira ao gabinete do secretário Elias Vaz.
Secretário de Dino lamenta episódio
Na tarde desta segunda-feira, o secretário também se pronunciou no X, onde afirmou que atendeu a uma solicitação de audiência de Janira “por conhecer a citada profissional e ela desejar falar sobre vítimas de homicídios”. Vaz também disse que Luciene se limitou a falar sobre irregularidades no sistema penitenciário.
Veja abaixo:
Informo que, no dia 14 de março, recebi solicitação de audiência por parte da Sra. Janira Rocha, ex-deputada estadual no Rio de Janeiro e vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da ANACRIM-RJ.
(continua)— Elias Vaz (@EliasVazGyn) November 13, 2023
No começo da tarde, Vaz deu uma entrevista coletiva onde assumiu o erro pela reunião. Ele disse:
“Quero lamentar esse episódio. Se teve algum erro, esse erro foi da minha parte, de não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que vou receber, procedimento que provavelmente a gente deve adotar daqui em diante”.
Vaz afirmou que, inicialmente, uma reunião foi marcada pela ex-deputada estadual Janira Rocha (PSol) para receber mães que tiveram os filhos assassinados e lutam por justiça. No entanto, Luciene Barbosa se juntou ao grupo de mulheres e se apresentou como a representante de uma organização que reivindica por melhorias no sistema prisional amazonense.