O presidente da Argentina, Javier Milei, criticou duramente a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impedir a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos. Em entrevista à CNN Brasil, Milei classificou a medida como “censura” e lamentou o que considera uma restrição à liberdade de movimento.
“Acho lamentável que a liberdade de movimento tenha sido censurada”, declarou Milei, que participou do evento de posse de Trump no início da semana.
A ausência de Bolsonaro gerou ampla repercussão na imprensa internacional, com diversas análises apontando para o impacto dessa decisão nas relações entre os países.
Milei fala sobre o Mercosul
Além de abordar a situação de Bolsonaro, Milei também falou sobre o futuro do Mercosul e indicou uma postura mais flexível em relação ao bloco regional. Durante um discurso na quinta-feira (23), o presidente argentino afirmou que há maneiras de avançar no comércio internacional sem comprometer a aliança com os países do Cone Sul.
“Vamos trabalhar pela Argentina e os interesses da Argentina. Vou tentar avançar para o melhor para os argentinos”, declarou Milei. O presidente destacou a possibilidade de os países membros do Mercosul negociarem acordos bilaterais de forma independente, mantendo a coesão do bloco.
No dia anterior, em entrevista à Bloomberg, Milei sugeriu que a Argentina poderia até deixar o Mercosul para firmar um acordo comercial direto com os Estados Unidos, caso isso fosse considerado vantajoso. No entanto, sua fala recente indica uma tentativa de equilibrar os interesses regionais e nacionais.
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Por que Bolsonaro não foi à posse de Trump?
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido de devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para comparecer à posse de Trump. A Procuradoria-Geral da República (PGR) também negou devolução do passaporte.
Como justificativa, o STF afirmou que a defesa de Jair Bolsonaro não apresentou um documento oficial comprovando o convite para a posse do Presidente dos Estados Unidos, conforme solicitado em decisão anterior. A defesa apenas reiterou a veracidade de um e-mail não oficial.
Outro ponto levado em consideração foi que a viagem pretendida tinha fins estritamente particulares e não apresentava um interesse público que justificasse a revogação das medidas cautelares. A ausência de necessidade básica ou interesse público relevante foi destacada.
A decisão destacou, que o ex-presidente pode proceder “da mesma maneira como vem defendendo a fuga do país e o asilo no exterior para os diversos condenados com trânsito em julgado pelo plenário do STF, em casos conexos à presente investigação”.
Além disso, o documento ressalta que Bolsonaro manifestou apoio à fuga de outros condenados e à sua permanência no exterior para evitar a aplicação da lei penal.
O documento afirma que permanecem os requisitos de necessidade e adequação para manutenção das medidas cautelares impostas ao investigado.