Durante o lançamento do programa “Agora tem especialista”, nesta sexta-feira (30/05), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou, de forma humorada, um episódio marcante de sua vida: a amputação do dedo mínimo da mão esquerda.
O chefe do Executivo aproveitou o momento para fazer uma reflexão sobre os avanços na saúde pública brasileira e como o atendimento médico era precário no passado.
“Eu sou do tempo que… Esse dedo aqui não precisava ser cortado. Hoje eu tenho consciência de que eu não precisava ficar decepado como eu fiquei. Poderia ter tirado um pedaço só”, disse apontando para a mão esquerda.

O presidente fazia referência ao acidente sofrido em 1964, quando ainda era um jovem torneiro mecânico, atuando numa metalúrgica localizada no bairro Vila Carioca, em São Paulo. Lula contou que o acidente ocorreu quando uma das prensas da metalúrgica quebrou. Na tentativa de consertar a máquina e fazê-la voltar a funcionar, ele colocou a mão no equipamento, que acabou esmagando o dedo.
O presidente revelou que, na época, o atendimento médico não foi o mais adequado e que, hoje, com os avanços da medicina e do Sistema Único de Saúde (SUS), a amputação completa poderia ter sido evitada.
“Mas eu era um metalúrgico, cheguei no hospital cheio de graxa, às 6h. O médico resolveu dar a anestesia aqui, arrancar o dedinho e acabou. [Como quem diz] não faz falta um dedo. Faz falta um dedo”, completou Lula.

Lula ainda recordou que, após o acidente, conviveu com sentimentos de vergonha por ter um dedo a menos. O presidente revelou que, durante muito tempo, evitou usar aliança para que as pessoas não notassem sua condição.
“Eu já contei uma vez que eu tinha muita dificuldade de lavar o rosto, porque você enchia a mão d’água e quando chegava aqui estava vazio. Ou seja, eu levei algum tempo para aprender a colocar a mão assim e conseguir lavar o rosto. Eu não precisaria ter passado por isso”, comentou o presidente.
Veja o trecho do discurso:
Em lançamento de programa do SUS, Lula relembra como perdeu o dedo: “Faz falta” pic.twitter.com/oWRJa7tKE8
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 30, 2025
O programa “Agora tem especialista”
O evento que trouxe à tona essa lembrança pessoal de Lula também marcou um importante avanço na área da saúde pública no Brasil. O presidente, ao lado de autoridades como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançou oficialmente o programa “Agora tem especialista”, uma iniciativa que visa acelerar o atendimento e aproximar a população dos médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o Governo Federal, o programa vai permitir que o Ministério da Saúde utilize toda a estrutura existente no país, tanto pública quanto privada, para ampliar a capacidade de atendimento nas redes locais. O objetivo central é reduzir o tempo de espera para consultas, exames e procedimentos especializados, especialmente após o aumento da demanda provocado pela pandemia de Covid-19.
A expectativa é que o “Agora tem especialista” promova uma significativa melhoria no acesso da população aos serviços especializados de saúde. A primeira entrega do programa será a disponibilização de um acelerador linear, equipamento de alta tecnologia utilizado no tratamento de câncer, que reduz significativamente o tempo necessário para a realização das sessões de radioterapia.
Seis cidades brasileiras serão contempladas com esse equipamento de ponta, embora o governo ainda não tenha divulgado oficialmente quais serão os municípios beneficiados nesta etapa inicial.
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Ampliação de atendimentos e áreas prioritárias
O programa “Agora tem especialista” também permitirá que clínicas, hospitais filantrópicos e unidades privadas se credenciem para realizar atendimentos pelo SUS. Essa medida visa expandir ainda mais a oferta de serviços médicos especializados, especialmente em áreas consideradas prioritárias para a saúde pública nacional.
Entre as especialidades contempladas estão a oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. As instituições credenciadas poderão realizar consultas, exames, cirurgias e mutirões, aumentando consideravelmente a capacidade de atendimento à população.
A contratação dos serviços será feita diretamente pelos estados e municípios, de acordo com suas necessidades e demandas locais. Além disso, a AgSUS (Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS) e o Grupo Hospitalar Conceição também poderão realizar contratações de forma complementar, fortalecendo ainda mais a estrutura de atendimento.