O presidente Lula (PT) afirmou que grupo especial do governo federal dará parecer sobre a possibilidade ou não do asfaltamento da BR-319 e condicionou a obra à viabilidade ambiental. Segundo ele, o governo federal pretende instalar uma base de operações da Polícia Federal, em Manaus, para coordenar ações de combate aos crimes ambientais na Amazônia e reunir com países que compõem a região.
Segundo Lula, o grupo especial será criado no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas não revelou quem irá compor o grupo.
O presidente reforçou que o mundo tem dado grande importância aos temas relacionados ao meio ambiente e por conta da grande exportação de alimentos do Brasil, ele afirmou que teme sanções internacionais caso ações feitas de forma precipitada venham a ser adotadas sem estudo de impacto ambiental.
“Ao invés da gente colocar de forma precipitada ou dizer que não vai colocar de forma precipitada, nós decidimos construir um grupo especial para dar a palavra definitiva para dizer se pode ou não fazer a BR-319, quais os problemas que vamos criar de verdade e o que pode evitar. Na minha opinião pessoal acho que a gente pode fazer a br 319. Você pode montar uma base de fiscalização, você pode botar até colocar Forças Armadas pra tomar conta dessa parte da estrada para evitar que haja invasão transtorno a de ocupação, madeireiros, garimpeiros”, declarou Lula.
Atualmente, a estrada está dividida em quatro trechos (A, B, C e do meio). Cada segmento tem suas especificidades, mas o chamado ‘trecho do meio’ é considerado o mais degradado.
Em fevereiro, o Ministério dos Transportes havia declarado que a rodovia seria prioridade nas discussões do governo. Lula deu ênfase na preocupação do governo com a questão ambiental.
Segundo ele, nós últimos encontros internacionais que participou, Amazônia sempre esteve no centro do debate e o Brasil precisa ser exemplo.
“Nós vamos ter que ter responsabilidade não apenas com o nosso povo, não apenas internamente, mas temos que ter responsabilidade em apresentar ao mundo que não apenas falamos de preservar a Amazonas, nos fazemos de verdade”, declarou o presidente.
Com a medida Lula, alinha o discurso ao que já havia sido dito pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que durante visita a Manaus revelou ao A CRÍTICA que a proposta da rodovia seria revisitada.
Com agenda marcada para o fim de semana em Parintins, no Baixo Amazonas, Lula disse também que pretende vir a Manaus ainda este ano. “Preciso fazer uma visita às principais capitais brasileiras”.
Questionado sobre as ações do governo para frear o avanço do crime organizado na Amazônia, Lula informou a Polícia Federal passará a ter uma base em Manaus que concentrará as operações de todo o território amazônico. Será proposta uma ação coordenada com as políticas de outros países afim de proteger as fronteiras. “Não é apenas do tráfico de drogas, é questão do crime organizado que tem tomado conta de muitas áreas a nossa querida Amazônia. Vamos ser muito duros com isso”, enfatizou.
Durante a conversa com jornalista da região, Lula também indicou que nos próximos meses deve se reunir com chefes de Estado dos países que compõem a Amazônia Legal para debater soluções para a segurança nas fronteiras. Foi convidado a participar do encontro o presidente francês Emanoel Mácron, representando a Guiana Francesa, e os presidentes do Congo e da Indonésia. Das negociações será feito uma proposta a ser apresentada em reunião na Conferência das Partes (COP) no fim do ano.
“Primeira vez em 45 anos que serão feitas as reunião com todos os países da Amazônia. Todo mundo fala da Amazônia. A Amazônia é a menina dos olhos do mundo inteiro, por isso decidimos fazer em Belém essa cop 30 para as pessoas conhecerem de perto o que é a Amazônia. As pessoas precisam conhecer o nosso povo”, declarou Lula que também anunciou o plano para premiar os municípios da Amazônia que mais reduzirem os níveis de desmatamento.