Em entrevista exclusiva ao blog e ao Estúdio I, da GloboNews, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, cobrou nesta sexta-feira (06/09) que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “eleve sua voz” contra a repressão do governo de Nicolás Maduro. Neste ano, María foi impedida de disputar as eleições no país vizinho, em julho, e Maduro acabou sendo reeleito mais uma vez.
“Precisamos que a comunidade internacional, especialmente o Brasil e o presidente Lula, eleve suas vozes para que termine a repressão”, afirmou a líder oposicionista.
As eleições na Venezuela tiveram como concorrentes Nicolás Maduro e Edmundo González e foi marcada pela falta de transparência no resultado. Os dois lados se declararam vencedores.
O Conselho Nacional Eleitoral e o Tribunal Supremo do país, alinhados com o chavismo, declararam Maduro vencedor, sem apresentar as atas com a votação detalhada de cada local.
Após a declaração de vitória do atual presidente, a Venezuela teve protestos violentos que registraram 24 mortes e a perseguição de oposicionistas.
Na segunda-feira (02/09), o Ministério Público pediu e a Justiça declarou a prisão de González. Ele é investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa.
“Hoje em dia na Venezuela, todos temos medo, não somente de perder nossa liberdade, mas também a nossa vida”, afirmou ao blog Corina.
“Mas eu tenho um compromisso assumido com o povo da Venezuela e não vou abandoná-lo”, completou.
A prisão de Edmundo González não ocorreu até a última atualização desta matéria. Em comunicado, ele declarou que “o que o país precisa é ver as atas eleitorais, não de ordens de apreensão”.
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Repercussão mundial
María Corina afirmou ainda que é importante o fato de que “nenhum governo democrático do mundo ter aceitado a farsa e a fraude de Maduro”. Segundo ela, os países agora têm que aumentar a pressão sobre o regime.
“Maduro não pode permanecer sem legitimidade, sem apoio, sem possibilidade de conseguir financiamento, sem reconhecimento internacional”.
A Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch diz ter documentado “abusos generalizados pro parte de autoridades e grupos armados” pró-Maduro e cobrou que o Brasil deveria “defender a justiça na Venezuela”.
“A única solução estável e pacífica é uma transição ordenada para a democracia. Os que acreditam que Maduro possa se estabilizar, lavando o rosto às custas da violência, não entendem nada”, disse Corina, ao blog.
*Com informações do g1