As posses de Joenia Wapichana na presidência da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e de Ricardo Weibe Tapeba na Sesai (Secretaria Especial da Saúde Indígena) deram um protagonismo inédito aos indígenas após quatro anos de atritos no governo de Jair Bolsonaro.
Pela primeira vez em 55 anos de história, o órgão federal responsável pela política indigenista brasileira será presidido por uma mulher indígena. A advogada Joenia Wapichana estará à frente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), à qual cabe a proteção e promoção dos direitos das diferentes etnias do país.
Além dela, o nome de Sônia Guajajara à frente do Ministério dos Povos Indígenas foi uma sugestão e conquista dos indígenas. Pela primeira vez, estarão representados na liderança de órgãos com ações voltadas para os povos na esfera federal.
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Os três nomeados foram indicados em lista tríplice enviada no dia 12 de dezembro a Lula pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). A lista se destinava à escolha do ministério. Entretanto, os três nomes acabaram sendo aproveitados no alto escalão do governo. De forma simbólica, os três estiveram ontem na posse de Joenia —primeira mulher a comandar a Funai em 55 anos— e comemoraram o que chamaram de “retomada” do órgão mais importante da causa indígena no país. A primeira medida foi trocar o termo Índio por Povos Indígenas no nome do órgão.
Nesta segunda-feira (2), Joenia Wapichana participou de um ato na Sede da Funai, em Brasília, organizado pelas duas associações de servidores do órgão, a Indigenistas Associados (INA) e a Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef). Intitulado “Retomada da Funai”, o evento reuniu lideranças indígenas, servidores e indigenistas sob discurso de reconstrução e fortalecimento da instituição, celebrando a ocupação de espaços estratégicos da política brasileira pelos povos originários em 2023.
Além da futura presidente da Funai, estiveram presentes a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a deputada federal eleita pelo Estado de Minas Gerais Célia Xakriabá, o cacique Raoni Metuktire e outros nomes de destaque, como Eloy Terena, Júlio Yanomami, Agnelo Xavante, o pajé Tanawy Xukuru Kariri e Weibe Tapeba, que será secretário de Saúde Indígena do Governo Lula.