Na madrugada desta quinta, 1º, a Câmara dos Deputados aprovou em votação a medida provisória (MP) que organiza os ministérios do governo Lula. O placar da votação foi de 337 a favor e 125 contra.
Após a sessão, o presidente da casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que o governo “terá que andar com suas pernas” a partir de agora. Ele afirmou:
“Estamos longe de estarmos comemorando uma base, como alguns tentam perpassar. Amanhã será um novo dia. Dia de Senado apreciar a matéria.
Importante que se diga, deixe claro, que daqui pra frente, governo vai ter que andar com suas pernas. Não haverá nenhum tipo de sacrifício”.
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A fala de Lira se refere à falta de articulação entre o governo e a casa. Após sucessivas derrotas, o governo Lula autorizou ontem a liberação de R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares, a fim de manter apoio na Câmara. A liberação bateu recorde: no governo Lula 3, ainda não se havia liberado um montante como este em um único dia.
Na manhã de ontem, antes da votação, Lira disse que existia “uma insatisfação generalizada” da Câmara com a articulação política do governo.
Entre os partidos que compõem a coligação do governo (PT, PDT, PSB, PSOL/REDE), todos os deputados votaram a favor do projeto. Já entre os partidos que ocupam ministérios como MDB, PSD e União, houve 20 votos contrários à organização do governo. O partido com mais votos contrários à medida foi o PL, com 78 “nãos”.
Mesmo com a aprovação, durante a tramitação da MP dos ministérios na comissão mista, houve derrotas para o governo: O relator do texto e líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), fez alterações que esvaziaram atribuições dos ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente, atendendo a pedidos da bancada ruralista e do Centrão.
Agora, o Senado analisará e votará a MP ainda hoje. Caso contrário, a medida provisória perde a validade e o governo terá que voltar para a estrutura administrativa da gestão de Jair Bolsonaro, com 23 ministérios ao invés dos 37 criados por Lula. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (União-MG), marcou para esta quinta a sessão para votar o texto na Casa.