O ex-governador cassado do Amazonas José Melo comentou sobre seu novo rumo fora da política local: investir na disseminação de informações à população amazonense sobre as riquezas do Estado. À ocasião, Melo anunciou que desde a prisão, investiu em estudos e escreveu teses voltadas para a valorização do Amazonas, algo que pretende compartilhar futuramente.
“Então, eu tinha o conhecimento 10 do meu Estado, agora eu tenho 90 por conta desse tempo todo, uns dois/três anos de estudos e por isso que hoje estou escrevendo algumas matérias a respeito do Estado e das riquezas dele. O povo tem que saber”, explicou.
Segundo Melo, os habitantes do interior do Estado precisam ter consciência de que vivem em um solo que vale bilhões de dólares. A sugestão do ex-governador é criar mecanismos que possam explorar as riquezas de forma sustentável, para garantir melhor qualidade de vida aos municípios amazonenses.
“Essas terras estou defendendo. Não precisa tirar uma árvore para poder explorar o potássio de Autazes, e o Brasil importa 98% do potássio que consome em todo o agronegócio enquanto nós temos potássio para mais de 150 anos do agronegócio brasileiro”, refutou o ex-governador que aproveitou o exílio para abordar temas como estes.
Vingança
Após sair da prisão, onde alega publicamente ter sofrido injustiça, Melo passou por uma fase considerada uma das piores em sua vida. O ex-governador relatou que estava sentindo tanto ódio e desejo por vingança em razão da cassação.
“Querendo me vingar de todo mundo. Existiu um sentimento de vingança. Então imagina, um cara como eu, que já tinha saído do âmago do Poder, dos últimos 20 anos eu sabia de tudo que acontecia no âmago do Poder, imagina o que tinha de informação para jogar para fora. Era uma loucura”, relatou.
O recomeço
A chegada de um bebê na família trouxe o sentimento de esperança e fez cair por terra a motivação de se vingar.
“O bebê da minha cunhada, eu me apeguei a ele, e esqueci todo meu ódio, raiva e rancor. Mudou a minha vida. Tirou da minha cabeça o estrago que eu ia fazer na vida dos outros e na minha também”, disse.
As declarações aconteceram durante entrevista ao AMPOST Notícias, nesta segunda-feira (6/1).
Saiba mais:
Marcelo Ramos volta a falar sobre interesse ao Senado, mas depende de aprovação de Lula
Secretário de Segurança admite que ‘adegas’ serão alvo de operações nas próximas semanas
Biografia
José Melo de Oliveira é professor, formado em economia pela Universidade Federal do Amazonas.
Entre 1984 e 1987, ocupou o cargo de delegado do Ministério da Educação e Cultura. De 1989 a 1991, foi secretário de Educação e Cultura do Estado do Amazonas. Ocupou também o posto de secretário Municipal de Educação de Manaus, de 1993 a 1994. Em 1995 voltou a assumir a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desportos do Amazonas. Também administrou o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (IDAM) e a Secretaria de Estado de Coordenação do Interior (Seint).
Elegeu-se deputado federal em 1994, tendo sido reeleito em 1998. Em 2002, foi eleito deputado estadual, ainda pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Durante dois anos, entre 2005 e 2006, assumiu a presidência da Sociedade de Navegação Portos e Hidrovias do Amazonas (SNPH). Após deixar a presidência da SNPH, assumiu a Secretaria de Governo do Amazonas (Segov), até 2010.
Nas eleições no Amazonas em 2010, filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), elegeu-se vice-governador do estado do Amazonas, na chapa encabeçada por Omar Aziz. Assumiu o cargo de governador do Amazonas pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS), quando Omar Aziz foi disputar o Senado nas eleições de 2014. Candidatou-se à reeleição, vencendo no segundo turno.
Em 2016, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) cassou os mandatos de Melo e de seu vice por suspeitas de compra de votos durante a eleição de 2014. Em 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a decisão, resultando na perda definitiva de seu mandato.
Além disso, no final de 2017, Melo foi preso pela Polícia Federal sob acusações de envolvimento em esquemas de corrupção. A prisão ocorreu em um sítio no município de Rio Preto da Eva, marcando um dos momentos mais controversos de sua trajetória.