Nesta sexta-feira (20), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que prendeu dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e afastou outros cinco por suspeita de rastreamento ilegal de celulares sem autorização judicial entre dezembro de 2018 e 2021. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a investigação da PF, o sistema de geolocalização israelense FirstMile teria sido usado para espionar adversários do ex-presidente. A investigação também aponta que o sistema foi usado mais de 30 mil vezes e teve como alvos 2.200 jornalistas, advogados, políticos, alguns ministros do STF e pessoas consideradas adversárias pela gestão de Bolsonaro.
Os investigados podem responder pelos crimes de: invasão de dispositivo informático alheio; organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
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O software de monitoramento foi desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), comprado no fim do governo Temer, a poucos dias da posse de Jair Bolsonaro, e usado até parte do terceiro ano do seu mandato. Em março deste ano, já havia sido revelada a informação de que a Abin tinha usado o programa para monitorar até 10 mil proprietários de celulares a cada doze meses durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro.
Em nota, a Abin “informa que o contrato 567/2018, de caráter sigiloso, teve início em 26 de dezembro de 2018 e foi encerrado em 8 de maio de 2021. A solução tecnológica em questão não está mais em uso na ABIN desde então.”
A partir disso, uma sindicância interna foi aberta em março de 2023 e todas as informações apuradas foram repassadas para a PF e para o Supremo.