O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para investigar a lavagem de dinheiro em plataformas de apostas e o uso de recursos do programa Bolsa Família nesse mercado. A proposta, apresentada na quarta-feira (25/09), visa apurar as práticas de influenciadores digitais e casas de apostas, além de examinar como os beneficiários do Bolsa Família estão sendo afetados.
Com o aumento da popularidade das apostas online e a falta de regulação no setor, Ayres argumenta que a situação gerou um impacto econômico e social negativo, especialmente entre as famílias de baixa renda. Ele ressalta que o mercado de apostas movimenta bilhões de reais no Brasil e que há garantias de que parte desse dinheiro está sendo utilizado em esquemas de lavagem.
“A crescente associação entre plataformas de apostas, artistas e influenciadores digitais, além das evidências de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro, reforça a necessidade de uma investigação profunda e abrangente”, declarou o deputado.
O foco da CPI, segundo Ayres, irá investigar:
- O funcionamento das casas de apostas e a omissão fiscal;
- O patrocínio e a publicidade de plataformas de apostas;
- A ocultação de valores e lavagem de dinheiro;
- Casos recentes de lavagem de dinheiro envolvendo influenciadores.
Saiba mais:
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Bolsa Família nas apostas
Uma nota técnica do Banco Central apontou que, em agosto, aproximadamente 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para plataformas de apostas via Pix. Segundo o BC, o valor médio transferido por beneficiários foi de R$ 100, e 70% dos apostadores são chefes de família.
“Esse impacto direto no orçamento das famílias mais vulneráveis evidencia a necessidade urgente de uma investigação detalhada, uma vez que essas apostas desviam recursos de setores produtivos e agravam o problema do endividamento, afetando diretamente a economia do país”, afirma Ayres, no requerimento para abertura da CPI.
Influenciadores
A proposta de Ayres menciona também o envolvimento de figuras públicas, como influenciadores digitais, no esquema de lavagem de dinheiro. Um dos casos mais emblemáticos foi a prisão preventiva da influenciada Deolane Bezerra, citada na Operação Integração, realizada pela Polícia Civil de Pernambuco. Embora sua prisão tenha sido revogada pela Justiça, o bloqueio de R$ 20 milhões em bens dela é uma evidência da complexidade dos esquemas investigados.
Além de Deolane, o cantor Gusttavo Lima também foi alvo de investigação, mas teve sua prisão revogada antes de ser efetivada.
“O bloqueio de R$ 20 milhões em bens da influenciadora e a série de prisões relacionadas ao esquema demonstram a complexidade da rede de lavagem de dinheiro, que precisa ser desmantelada com o apoio de uma investigação parlamentar”, diz o requerimento de Ayres, em referência a Deolane Bezerra.
A próxima etapa
Para que a CPI seja formalmente instaurada, Ayres precisa recolher 171 assinaturas de deputados. Ele já iniciou esse processo e espera que a comissão avance após as eleições municipais, com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Com informações de Estadão Conteúdo