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Congresso aprova LDO de 2026 em votação acelerada e discussão sobre verbas eleitorais domina sessão

Parlamentares criticam pressa na tramitação e contestam aumento de recursos para fundos partidário e eleitoral
04/12/25 às 18:24h
Congresso aprova LDO de 2026 em votação acelerada e discussão sobre verbas eleitorais domina sessão

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (C), comandou a sessão
Saulo Cruz/Agência Senado

O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (4/12) o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026, texto que orienta a elaboração do Orçamento do próximo ano. A proposta segue agora para sanção presidencial.

Relator do PLN 2/2025 na Comissão Mista de Orçamento (CMO), o deputado Gervásio Maia (PSB-PB) definiu prazo para que o Poder Executivo pague 65% do total das emendas parlamentares de execução obrigatória até o fim do primeiro semestre de 2026. A regra abrange emendas individuais e coletivas destinadas aos fundos de saúde e assistência social, além das chamadas transferências especiais, conhecidas como “emendas pix”. O parlamentar afirmou que a medida busca garantir a liberação dos recursos em ano eleitoral.

O líder da Oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), criticou a demora na votação da LDO e afirmou que, pela Constituição, o texto deveria ter sido aprovado em julho. Para ele, a tramitação acelerada prejudica a qualidade da legislação.

“A LDO está sendo votada a toque de caixa hoje e, na próxima semana, votaremos o Orçamento. Isso não existe. O primeiro e mais importante fundamento de uma boa legislação é que ela tenha tempo de maturação. Essa improvisação, infelizmente, é a marca deste governo, acostumado a fazer puxadinhos e a buscar maneiras de abrir espaços orçamentários para alimentar uma gastança sem sustentabilidade”, declarou.


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Durante a discussão, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) criticou o aumento estimado de R$ 160 milhões nas despesas dos partidos políticos para 2026. A LDO reserva R$ 1 bilhão para o Fundo Partidário e R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral.

“O montante é absolutamente exagerado. É possível fazer campanha com ideias, causas e propostas, campanhas de opinião para o voto consciente, sem esses recursos cada vez mais vultosos, milionários. Quando se instituiu o financiamento público de campanha, era exatamente para sair daquele esquema milionário e do poder corruptor da grana”, afirmou.

O partido Novo na Câmara apresentou um destaque para retirar o trecho que prevê o aumento, mas a proposta foi derrotada e o dispositivo mantido no texto aprovado.

Principais pontos

O projeto da LDO prevê superávit de R$ 34,3 bilhões em 2026, o equivalente a 0,25% do produto interno bruto (PIB). Pelo texto aprovado, o governo pode considerar o limite inferior da meta para fazer limitações de gastos. A meta pode variar 0,25% para cima ou para baixo.

O texto original fixava como prioridade o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e 27 objetivos do Plano Plurianual (PPA) 2024-2027. Após o acolhimento de emendas, o anexo passou a contar com 64 programas e 128 objetivos.

O relatório final da LDO 2026 também prevê:

  • meta fiscal: o governo poderá considerar o limite inferior da meta fiscal quando precisar limitar gastos;
  • municípios: dispensa cidades com menos de 65 mil habitantes de comprovar que estão em dia com obrigações com o governo para celebrar convênios ou receber recursos;
  • entidades privadas: autoriza transferências para entidades sem fins lucrativos da área da saúde realizarem obras físicas, conforme regulamentação do Ministério da Saúde;
  • emendas individuais: reduz de 105 para 100 dias o prazo para os órgãos federais analisarem as propostas, ajustarem planos e divulgarem impedimentos técnicos;
  • pagamento de emendas: fixa prazo máximo até o final do primeiro semestre para pagamento de 65% do valor das emendas individuais e de bancadas estaduais e das transferências destinadas a fundos de saúde e assistência social;
  • despesas com pessoal: permite o uso de recursos de emendas coletivas nos fundos de saúde para pagamento de pessoal ativo;
  • dedução: retira desconto de até 4,5% dos recursos de emendas para custeio de fiscalização quando o órgão federal executar diretamente;
  • transferências especiais (emendas pix): fixa valor mínimo de R$ 200 mil para obras e R$ 150 mil para serviços;
  • rodovias: autoriza a destinação de recursos da União para construção e manutenção de rodovias estaduais e municipais ligadas à integração de modais ou ao escoamento da produção;
  • Fundo Eleitoral: inclui fundos partidário e eleitoral entre as despesas que não podem ser contingenciadas;
  • obras inacabadas: retira dispositivo que obrigava aplicação de recursos de emendas em obras não concluídas;
  • despesas: algumas despesas não podem ser limitadas, como pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), defesa agropecuária e seguro rural.

Déficit primário

Durante discussão do PLN 2/205 no Plenário, o deputado Gervásio Maia apresentou um complemento de voto. A primeira mudança é na meta de deficit primário (gasto maior que arrecadação, sem contar juros da dívida pública). Com o novo texto, não serão consideradas na meta despesas do Programa de Dispêndios Globais de empresas até o limite de R$ 10 bilhões.

A segunda mudança é na Lei de Responsabilidade Fiscal. O projeto da LDO proíbe em 2026:

  • ampliação, prorrogação ou extensão do gasto tributário;
  • criação de novas despesas obrigatórias; e
  • criação de quaisquer espécies de fundos para financiamento de políticas públicas.
  • As proibições não valem no caso de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional.

 

*Com informações da Agência Câmara e Agência Senado.