No último sábado (7/6), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) reagiu à ação protocolada pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra ele. A ação foi apresentada na semana passada na 11ª Vara da Justiça Federal do Ceará e acusa Ciro de ter atribuído diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) os crimes de corrupção e peculato. Segundo a AGU, em um vídeo publicado nas redes sociais, Ciro afirmou que Lula teria recebido propina em troca da criação do programa “Crédito do Trabalhador”.
Diante da repercussão do processo judicial, Ciro Gomes se manifestou publicamente e afirmou que está sendo alvo de um “lawfare”, termo utilizado para descrever o uso estratégico do sistema judicial como arma de perseguição política.
“Nos últimos anos, eu tenho procurado suportar em silêncio um enorme lawfare. Você sabe, é a manipulação no Brasil do próprio Judiciário para perseguição de pessoas que são vistas como inimigas dos poderosos. Processos, muitos processos artificiais, são movidos contra mim por políticos agentes dos agiotas que chupam o sangue do povo brasileiro”, declarou o ex-ministro em resposta à ação.
Veja o vídeo:
O governo transformou a pobreza em negócio e agora tenta calar quem denuncia! Eu não tenho medo nem rabo preso com ninguém. Meu único compromisso é com o povo brasileiro, por quem vou lutar até o último dia da minha vida. pic.twitter.com/Di6MEqkT22
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 7, 2025
Ciro Gomes, que já foi aliado de Lula no passado, afirmou que o presidente estaria usando o poder da Presidência da República para persegui-lo judicialmente.
“Agora, finalmente, o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, do alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial, na tentativa de me calar. Me interpela judicialmente por suposto ataque à sua honra, mas não por calúnia, pois isso me daria o direito de pedir o que no Direito se chama de exceção da verdade — que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade. (…) Lula não colocou o pobre no orçamento, colocou o pobre em leilão”, afirmou Ciro.
Com isso, o ex-ministro insinua que o processo movido pela AGU não busca reparação por calúnia, justamente para impedir que ele tenha a oportunidade legal de apresentar provas que sustentariam suas alegações contra o presidente.
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Ciro diz que não se calará
Apesar da ofensiva judicial, Ciro afirmou que não se sente intimidado e que continuará fazendo críticas ao atual governo.
“Eu não ofendi o presidente Lula. O que eu fiz foi criticar, apontar erros e denunciar o que considero práticas criminosas contra o povo brasileiro. Não me calarei”, declarou Ciro Gomes.

Rompimento político entre Ciro Gomes e Lula
Ciro Gomes e Luiz Inácio Lula da Silva mantiveram uma relação próxima durante o primeiro mandato do petista, entre 2003 e 2006. Na época, Ciro ocupava o cargo de ministro da Integração Nacional e era uma das figuras centrais na articulação política do governo federal. O rompimento definitivo, porém, se deu em 2018, quando Ciro recusou o convite para ser vice de Lula e viajou para Paris durante o segundo turno da eleição presidencial entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Desde então, a relação entre os dois políticos deteriorou-se rapidamente. Em 2022, durante a campanha presidencial, Ciro intensificou suas críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT) e assumiu postura firme de oposição ao governo de Lula, acusando o presidente de ter se aliado a setores que exploram economicamente o povo brasileiro.
A escalada de críticas ao PT também teve reflexos dentro da própria família de Ciro. Seu irmão, o senador Cid Gomes, rompeu politicamente com ele após divergências sobre o caminho político a seguir. Em 2023, Cid deixou o PDT, partido tradicional da família Gomes, e se filiou ao PSB.