Nesta segunda-feira (29/1), começa o julgamento dos sete policiais acusados de matar três jovens no bairro Grande Vitória, na Zona Leste de Manaus, em 29 de outubro de 2016. Alex Roque Melo, 29, Rita de Cássia Castro da Silva, 19, e Weverton Marinho, 20 foram abordados pela equipe militar e nunca mais foram vistos.
O caso teve grande repercussão na época do crime, e seu primeiro julgamento foi adiado, em novembro do ano passado, mas foi adiado a pedido do Ministério Público do Amazonas (MPAM) e da defesa de um dos réus que, na época, estava com suspeita de meningite.
Entre os policiais militares que foram denunciados pelo MPAM estão José Fabiano Alves da Silva, Edson Ribeiro Costa, Ronaldo Cortez da Costa, Eldeson Alves de Moura, Cleydson Enéas Dantas, Denilson de Lima Côrrea e Isaac Loureiro da Silva, que na época eram da 4ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom).
Entraves
A defesa de dois dos 10 réus chegou a requerer a redesignação da data do julgamento, alegando que os peritos do caso não encaminharam os esclarecimentos solicitados pelos advogados.
O Ministério Público também apontou que os laudos complementares feitos pelos profissionais não foram juntados ao processo e que não havia informação de que sequer haviam sido elaborados.
Os pedidos foram negados pela juíza Patrícia Campos, presidente da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus que, segundo ela, se as perícias eram tão importantes para ambas as partes, as mesmas deveriam ter sido requisitadas antes e não às vésperas do julgamento.
“Os autos tramitam desde 2016, mas somente neste momento, em 2024, passadas inúmeras etapas procedimentais, o Ministério Público e as defesas entendem pela enorme relevância dos laudos complementares”, apontou a magistrada.
Na sexta-feira (26/1), em uma decisão interlocutória, a juíza manteve o julgamento para esta segunda (29/1) e disse que se as partes não concordarem que ingressem com o recurso cabível.
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Boca de Lata
A peça-chave do caso, segundo o MPAM, o tenente Luiz da Silva Ramos, conhecido como “Boca de Lata”, e um dos denunciados, teria motivos para matar Alex Roque e foi encontrado morto em novembro do ano passado no Comando-Geral da Polícia Militar do Amazonas, no bairro Petrópolis, zona Sul.
De acordo com o MPAM, o motivo do desaparecimento dos jovens na comunidade Grande Vitória, no bairro Gilberto Mestrinho, ocorreu, pois o tenente Luiz Ramos foi informado por policiais civis, que Alex Melo pretendia matá-lo em razão de combater fortemente o tráfico de drogas na área onde o jovem exercia suas atividades ilegais.
Alex também era alvo de investigação em um inquérito policial da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), que apurou a morte da líder comunitária Rosenira Soares Souza, em 27 de julho de 2016, na invasão de terras na comunidade Nova Vitória, zona Leste.
Em dezembro de 2016, a Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito e após encontrar material genético das vítimas apontou que o trio foi morto, e confirmou o envolvimento dos policiais no caso.
*com informações A Crítica