O maior traficante de armas da América do Sul, o argentino Diego Hernan Dirisio, de 49 anos, monitorava ações das polícias brasileira com ajuda da funcionária, Eliane Marengo, de 36 anos, aponta investigações da Polícia Federal (PF).
Segundo a PF, Eliane se passava por vendedora da Internacional Auto Supply S.A. (IAS), importadora de armas de fogo do leste europeu e da Turquia, sediada em Assunção, capital do Paraguai. Ela participava do esquema criminoso de desvio de armamentos e tinha função de “investigadora”.
A pedido da organização criminosa comandada pelo argentino, Eliane monitorava as ações policiais e repassava as informações diretamente para Diego Hernan. Em uma das conversas, por aplicativo de mensagens, no dia 24 de novembro de 2020, a mulher envia fotos sobre apreensão de fuzis, pistolas, munições e carregadores pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) da Bahia.
O arsenal apreendido, de acordo com a PF, foi traficado pela IAS. As fotos do material foram enviadas com três emojis de espanto. Diego Hernan, por sua vez, responde com outro emoji, representado por uma pessoa cobrindo o rosto com a mão, em sinal de frustração.
Operação
No dia 5 de dezembro do ano passado, Diego Hernan e a esposa Julieta Vanessa Nardi Aranda, de 41 anos, foram alvos de mandados de prisão e busca, no contexto da “Operação Dakovo”, deflagrada pela Polícia Federal (PF), no Paraguai. A ação policial mirava outras 26 pessoas – físicas e jurídicas, militares e agentes públicos – do esquema bilionário de tráfico de armas que abastecia as facções criminosas brasileiras, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
Na megaoperação, que resultou nas apreensões de 1,8 mil armas de fogo, os principais alvos – Diego Hernan e Julieta Vanessa – não foram encontrados e tiveram os nomes incluídos na difusão vermelha da Interpol. Ambos seguem foragidos há mais de um mês.
Investigação
Conforme a PF, a investigação iniciou em 2020, após apreensão de pistolas e munições em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.
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A investigação tramitava na 2ª Vara Federal da Bahia apontou que Dirisio comprava armas fabricadas em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, para revender a criminosos brasileiros. A ação chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF) e o acesso ao inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de tráfico de armas solicitados pelos advogados de Diego Hernan, no começo do ano passado, foi negado pela ministra Cármen Lúcia em abril.