A falsa médica Sophia Almeida, que foi presa nesta segunda-feira (19/05), teria prometido para Marline Melo que o filho dela com paralisia cerebral voltaria a andar após uma cirurgia que seria realizada no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), em Manaus.
“Eu me sinto enganada porque era uma esperança. Que nem nas mensagens que eu falei para ela: ‘Doutora, em 11 anos a senhora foi a única médica que me deu uma esperança até do meu filho andar’. Eu saí daquele dia muito feliz, contei para a minha família inteira sobre isso, a minha família comemorou. Porque ela falou para mim, depois da cirurgia ele poderia até andar, depois de muitas reabilitações. Eu me senti muito enganada, e muito triste”, explicou a mãe da criança.
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Falsa médica presa em Manaus prometeu que criança com paralisia cerebral voltaria a andar pic.twitter.com/YZ6OtLk1HJ
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 20, 2025
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Sophia Almeida foi presa na manhã desta segunda-feira (19/05), em uma academia na Zona Centro-Sul de Manaus. Ela é suspeita de atender crianças autistas e cardiopatas em hospitais da capital amazonense.
De acordo com a polícia, Sophia é estudante de educação física e teria trabalhado ilegalmente por 2 anos. Ela se apresentava como pediatra e teria atendido crianças com autismo e cardiopatas, além de receitar medicamentos tarjas pretas.

Demissão por justa causa
Ainda conforme denúncia de dois homens à polícia, as vítimas foram atendidas pela falsa médica e teriam sido demitidas por justa causa após apresentarem os atestados fornecidos por Sophia, que seriam falsos.
HUGV nega atuação de falsa médica
Em nota, o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-UFAM/Ebserh) informou que Sophia Almeida “nunca atuou como médica no hospital e nem constam registros de atendimento médico feito por ela na unidade hospitalar. Ela foi aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas como educadora física. O acesso às instalações da UFAM, incluindo o HUGV, se dava apenas na condição de mestranda. E, por já ter concluído o mestrado na Universidade, a ex-aluna não tem nenhum vínculo com a instituição. O HUGV está à disposição das autoridades policiais para ajudar no que for necessário”, diz o comunicado.
Conselho de Medicina também se manifesta
Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CREMAM) divugou nota sobre Sophia Almeida. Confira:
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CREMAM), no exercício de suas atribuições legais e com fundamento na Lei nº 3.268/1957, vem a público esclarecer que, até a presente data, não recebeu qualquer denúncia formal
acerca da atuação da pessoa identificada como “Sophia Almeida”, cuja eventual prática ilegal da medicina tem sido objeto de ampla repercussão em redes sociais e meios de comunicação.
Não obstante, o CREMAM destaca que, sempre que recebe comunicações envolvendo indícios do exercício ilegal da medicina por pessoas não inscritas nos seus quadros, encaminha prontamente tais informações aos órgãos competentes, notadamente às autoridades policiais e ao Ministério Público, para que sejam adotadas as providências legais cabíveis.
Por fim, com o objetivo de contribuir para a proteção da sociedade e o combate à atuação de falsos profissionais, o CREMAM orienta que a verificação da regularidade de médicos pode ser realizada diretamente pelo público por meio do portal do Conselho Federal de Medicina, disponível no endereço eletrônico: https://portal.cfm.org.br/busca-medicos.
Vereador Rodrigo Guedes fala sobre relação com falsa médica
Ao ser citado por Marline Melo, mãe da criança atendida por Sophia Almeida, o vereador Rodrigo Guedes (Partido Progressistas – PP) explicou que conheceu a falsa médica desde 2010, quando participavam de movimento estudantil na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e que a mantinha nas redes sociais.
Os dois se reaproximaram neste ano após Sophia ir ao gabinete do vereador “como pesquisadora em saúde infantil entrevistando duas mães de crianças com deficiência, na perspectiva de buscar encaminhamento para consulta e acompanhamento com médico especialista, mediante a complexidade e raridade do caso, que se enquadrasse no arco de pesquisa desses profissionais. Tratou-se apenas de conversas sobre as comorbidades, sem qualquer tipo de atuação médica. Nem se apresentou como tal e sempre fomos cientes de que se tratava de uma pesquisadora do HUGV, não de uma médica. Ela esteve sempre acompanhada da nossa assessoria da COMPCD durante as entrevistas”, disse o vereador.