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Caso Deusiane: após 10 anos, acusados de matar PM vão a julgamento

A sessão será realizada no Tribunal do Júri Especial Militar, formado por militares, após mais de 10 anos de espera
Caso Deusiane: após 10 anos, acusados de matar PM vão a julgamento

(Foto: Divulgação)

O julgamento dos cinco policiais militares acusados de envolvimento no homicídio qualificado da policial militar Deusiane da Silva Pinheiro acontecerá na segunda-feira (29/9), em Manaus. A sessão será realizada no Tribunal do Júri Especial Militar, formado por militares, após mais de 10 anos de espera.

O caso

Deusiane, então com 26 anos, foi encontrada morta no dia 1º de abril de 2015, com um disparo de arma de fogo, nas dependências da base flutuante do Batalhão Ambiental da PM, no Tarumã, zona Oeste de Manaus. À época, a versão apresentada pelo cabo Elson dos Santos Brito, companheiro da vítima, foi de suicídio, mas a investigação levantou indícios de feminicídio e manipulação da cena do crime.

Segundo familiares, a policial sofria perseguição e vivia uma relação conturbada com Elson, marcada por ciúmes e ameaças. O casal enfrentava um impasse depois que o acusado reatou com a ex-companheira, situação que teria provocado discussões frequentes.

A denúncia do MP

Em 26 de julho de 2017, o Ministério Público do Amazonas denunciou Elson dos Santos Brito como autor do disparo que matou Deusiane. Também foram denunciados os cabos Jairo Oliveira Gomes, Cosme Moura Souza e Narcízio Guimarães Neto, além do soldado Júlio Henrique da Silva Gama, todos acusados de falso testemunho e fraude processual.

De acordo com a denúncia, Elson teria trocado o ferrolho de sua arma com o de outra pistola para simular um suicídio, com a conivência dos demais policiais. Laudos periciais e registros de armamento contradizem a versão apresentada pelos acusados.

No momento do crime, Elson e Deusiane estavam no piso superior da embarcação “Peixe-Boi”, enquanto os outros quatro militares permaneciam no andar inferior. Em depoimento, todos sustentaram a tese de suicídio, alegando ter ouvido apenas o barulho do disparo.

Acompanhamento

O processo tramita há mais de uma década, marcado por adiamentos e recursos da defesa. A Procuradoria da Mulher da Aleam tem prestado suporte psicológico, jurídico e social à família de Deusiane.

¨A mãe da vítima, Antônia Assunção, tornou-se símbolo da luta contra a violência de gênero no Amazonas e segue firme na busca por justiça. “Dia 29 vai ser finalmente realizada a audiência no Tribunal do Júri, um júri especial militar, formado por militares. Pasmem: são militares que julgam militares que assassinaram uma mulher e isso é revoltante, mas eu ainda acredito na justiça”, afirmou a deputada Alessandra Campelo (Podemos), procuradora especial da mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).