Investigação revela a gravidade do caso que levou à prisão de Sophia Livas de Morais Almeida, uma mulher que atuava ilegalmente como médica em Manaus e foi capturada nesta segunda-feira (19/5) durante a Operação Azote. Segundo o delegado Cícero Túlio, titular do 1º DIP, com exclusividade à Rede Onda Digital, a mulher se infiltrou em um grupo de profissionais da saúde, se passou por médica, atendeu crianças com cardiopatia grave e gestantes com fetos cardiopatas.
Segundo o delegado, Sophia começou a ser investigada após o desdobramento da Operação Hipócrates, que prendeu outro falso médico na região metropolitana. A partir de novas denúncias, os policiais descobriram que Sophia havia se infiltrado em um curso de pós-graduação em Saúde Coletiva, onde convenceu professores e profissionais de que também era médica. Com isso, ela foi convidada a integrar um projeto voltado para o atendimento de pacientes em situação delicada.
“Ela teve acesso ao hospital universitário e, com isso, começou a angariar pacientes, principalmente crianças com problemas cardíacos, realizando atendimentos em consultórios de médicos que desconheciam sua verdadeira identidade”, afirmou o delegado.
“Usou nome de outra médica e se infiltrou em grupos profissionais”, diz delegado sobre falsa médica presa em Manaus pic.twitter.com/w9lSiGTmnr
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 19, 2025
A investigação apontou ainda que Sophia usava dados de uma médica com nome semelhante ao seu e chegou a emitir atestados falsos, o que levou à demissão de trabalhadores que apresentaram os documentos. Esses casos foram comunicados ao Conselho Regional de Medicina, que denunciou a situação à polícia.
Entenda o caso:
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Prefeito nega parentesco com falsa médica investigada em Manaus
Falsa influência e presença em Brasília
O delegado também relatou que Sophia usava o sobrenome Almeida, se passando como sobrinha do prefeito de Manaus, David Almeida, para tentar legitimar sua atuação. A versão foi refutada pelo chefe do Executivo de Manaus por meio de nota à imprensa.
Ela chegou a ser convidada para coordenar um seminário médico nacional previsto para acontecer em julho em Manaus.
“Ela convenceu os organizadores a levá-la até Brasília, onde visitou ministérios e parlamentares, se apresentando como médica e coordenadora do evento. Ao voltar, intensificou os atendimentos ilegais e passou a cobrar pelas consultas”, detalhou Cícero Túlio.
Prisão e apreensões
No momento da prisão, a falsa médica não demonstrou surpresa. Ela acompanhou os agentes até sua casa, onde foram encontrados receituários, atestados e outros documentos com nomes de médicos reais. No cartório, ela optou por permanecer em silêncio.
Sophia foi indiciada por falsidade ideológica, uso de falsa identidade, exercício ilegal da medicina, emissão de atestados falsos, curandeirismo, charlatanismo e estelionato contra vulneráveis. A polícia ainda investiga a possível participação de outros envolvidos.
Ela segue detida na delegacia e será levada à audiência de custódia nesta terça-feira (20/5), no Fórum Ministro Henoch Reis.