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Caso Benício: Médica usava carimbo de pediatria sem ter a especialização e pode responder por falsidade ideológica, diz delegado

Segundo investigação, Juliana Brasil fazia referência à especialidade de pediatra, que ela não possuía; habeas corpos dela foi revogado
14/12/25 às 10:20h
Caso Benício: Médica usava carimbo de pediatria sem ter a especialização e pode responder por falsidade ideológica, diz delegado

Foto: Arquivo Pessoal

A médica Juliana Brasil, investigada pela morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, pode responder pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso, além de homicídio doloso por dolo eventual. A informação foi confirmada pelo delegado Marcelo Martins, do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pela investigação do caso, em Manaus.

De acordo com a apuração, Juliana Brasil utilizava carimbo e assinaturas com referência à especialidade de pediatria, mesmo sem possuir o título oficialmente reconhecido. O delegado afirmou:

“Nós realizamos um estudo a respeito da questão dela ter assinado a especialização pediatria no carimbo e ter assinado o nome dela com a expressão pediatria. Todas as regulamentações do Conselho Federal de Medicina indicam que o médico que não possui uma especialização não pode se identificar de nenhuma forma, com nenhuma referência a uma especialidade que ele não possui, e ela fez isso.

Então, isso configura o crime de falsidade ideológica e o uso de documento falso. A investigação prossegue agora também com relação a esses dois crimes, além do homicídio doloso por dolo eventual”.

A defesa da médica afirmou que embora Juliana Brasil não tenha o título de especialista em pediatria, ela é formada desde 2019 e atuava legalmente na área, acumulando experiência prática. Os advogados acrescentaram que ela pretendia realizar a Prova de Título neste mês de dezembro.

A Polícia Civil segue colhendo depoimentos e analisando documentos para esclarecer as circunstâncias do atendimento e eventuais responsabilidades criminais.


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Benício morreu na madrugada do dia 23 de novembro. Segundo o pai da criança, Bruno Freitas, o menino foi levado ao Hospital Santa Júlia com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos.

Após a primeira injeção de adrenalina, Benício começou imediatamente a passar mal. Após a reação, a equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. Ele foi encaminhado a UTI do hospital, mas não resistiu.

Posteriormente, em seu depoimento, a coordenadora da UTI pediátrica do Hospital Santa Júlia, Ana Rosa Pedreira Varela, disse que o menino teria recebido uma dose de adrenalina cerca de 15 vezes maior do que a recomendada em situações de parada cardiorrespiratória.

A Polícia Civil apura o caso como homicídio. A médica Juliana Brasil Santos, que teria prescrito a dose de adrenalina, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, responsável por aplicar o medicamento, são apontadas como suspeitas. Juliana admitiu o erro em documento enviado à polícia e em conversas com o médico Enryko Queiroz, embora a defesa alegue que a confissão ocorreu “no calor do momento”.

Em depoimento, Raiza afirmou que apenas cumpriu a prescrição ao aplicar a adrenalina de forma intravenosa e sem diluição. Ela também declarou que informou a mãe de Benício sobre o procedimento e chegou a mostrar a prescrição antes da aplicação. Na sexta (12), foi revogado o habeas corpus concedido a Juliana, que impedia a sua prisão.

*Com informações de G1