Nícolas Niederauer, considerado não-binário, conquistou os prêmios nas categorias de “atleta feminina” e “revelação feminina”, de 2023, pela performance no jogo de computador Valorant. No entanto, as conquistas causaram protestos entre parlamentares na Câmara de Deputados, em Brasília, e internautas por receber prêmios na categoria destinada a mulheres.
“Nícolas srN”, nome artístico, tem 16 anos, recebeu os dois troféus no Prêmio eSports Brasil, o maior evento para profissionais de jogos eletrônicos na América Latina, na última sexta-feira (15/12), em São Paulo.
Reação de parlamentares
Alguns parlamentares afirmam que não ser justo mulheres disputarem competições com pessoas que se classificam como não-binários: ou seja, que não se identificam nem com o sexo masculino e nem com o feminino. Os políticos criticaram a escolha alegando discrepância que a orientação sexual pode influenciar.
“O mundo dos games tem imensa influência sobre crianças e adolescentes. Se você não mostrar a verdade para seus filhos, a esquerda vai impor a mentira”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“Aqui não se trata de orientação sexual. Atleta revelação feminina que é homem, veste-se como homem, e você acha normal esta ‘concorrência’ dentro do esporte? Onde estão as feministas?”, critica Carla Zambelli (P.L-SP)
“O atleta não-binário não se identifica nem como homem nem como mulher e integra uma equipe de mulheres. As mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”, disse a parlamentar.
Ameaças
Nícolas SrN recebeu ofensas transfóbicas e ameaças nas redes sociais, com a premiação e trancou os perfis que mantinha em diferentes aplicativos de redes sociais.
Por meio de nota divulgada com a autorização de seus pais, Nicolas SrN se manifestou sobre o assunto, confira:
“A atleta Nicolas ‘srN’ Niederauer, de 16 anos, foi alvo de ataques transfóbicos após o Prêmio eSports Brasil, na quinta (14/12), no qual foi reconhecida por voto de júri técnico como Revelação e Melhor Atleta Feminina no Valorant.
Após o ocorrido, ficou claro que ainda há um grande caminho a ser percorrido para a modalidade Inclusiva ser mais do que uma categoria. Esse espaço que deveria ser para celebrar os talentos cis, trans e não bináries, mostrou que, mesmo dentro de uma bolha como essa, o preconceito segue enraizado. Todas as medidas legais e cabíveis neste caso serão tomadas. SrN agradece o suporte de todos que se solidarizaram”.
Defesa Parlamentar
A deputada Erika Hilton (PSOL – SP), ativista dos direitos LGBTI, solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) a abertura de investigação sobre o caso. Ela cobra a identificação e punição de internautas que ofenderam e ameaçaram Nícolas SrN.
*com informações Metrópoles