Um alerta emitido pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) nesta sexta-feira (24/1) chama a atenção para a baixa adesão da vacina contra dengue, atualmente disponível em 1.921 municípios onde há mais registros da doença. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, apenas metade das doses distribuídas foram aplicadas.
De acordo com a pasta, entre 2024 a janeiro de 2025, foram distribuídas 6.370.966 doses do imunizante, mas apenas 3.205.625 foram aplicadas, conforme informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
O Brasil enfrentou um recorde histórico de casos de dengue em 2024, com 6.629.595 registros prováveis e 6.103 óbitos confirmados. Outros 761 óbitos ainda estão em investigação. Somente em 2025, já foram notificados 101.485 casos prováveis e 15 mortes.
A vacina contra a dengue, Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no Brasil em fevereiro de 2024. Devido à capacidade limitada de produção do fabricante, as doses foram direcionadas a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo com alta taxa de hospitalização pela doença, atrás apenas dos idosos.
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A Qdenga é administrada em duas doses com intervalo de 90 dias. A presidente da SBIm, Mônica Levi, enfatiza que o Brasil foi o primeiro país a disponibilizar o imunizante na rede pública, mas lamenta a baixa adesão. “É uma vacina segura e eficaz, aprovada em diversos países, incluindo Brasil, Europa e Argentina”, destacou.
Mônica Levi ressalta a importância de completar o esquema vacinal. “A segunda dose é essencial para garantir uma proteção de longa duração, de pelo menos quatro anos e meio”. Segundo ela, quem perdeu o prazo pode receber a segunda dose sem prejuízo da eficácia.
O Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, anunciou recentemente o início da produção da vacina Butantan-DV, ainda em fase de aprovação pela Anvisa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, contudo, afirma que a vacinação em massa não deve ocorrer em 2025.
O alerta da SBIm surge em meio às iniciativas do Ministério da Saúde para conter a disseminação da doença, especialmente com a recente detecção do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue, que não circulava de forma predominante no Brasil desde 2008.
O Ministério da Saúde esclareceu que a seleção dos municípios contemplados com a Qdenga foi realizada com base em critérios epidemiológicos, priorizando regiões de grande porte e com alta transmissão nos últimos dez anos.
Como a vacinação ainda não é a principal estratégia de combate à dengue, o governo federal segue focado em medidas preventivas, como o Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses. A iniciativa inclui o controle vetorial do Aedes aegypti por meio de tecnologias como o método Wolbachia, Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) e a Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE-Irradiado), além da borrifação residual em áreas de grande circulação.
No dia 9 de janeiro, foi instalado o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para ampliar o monitoramento das arboviroses e orientar a população sobre as melhores formas de prevenção.